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DESESPERO
É o segundo caso em 1 mês
Outro homem tenta pôr fogo em si no Planalto
WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O motorista Reginaldo Oliveira
Nascimento, 45, jogou álcool em
sua roupa e ameaçou atear fogo
ao corpo ontem, às 15h, em frente
ao Palácio do Planalto. Ele foi cercado por seguranças e bombeiros,
que impediram o ato.
Nascimento foi levado para o
serviço médico da Presidência,
em um prédio anexo ao palácio.
Ele foi liberado às 16h45. Depois
de ter sido examinado, foi levado
para uma delegacia para fazer
exame de corpo de delito.
Enquanto era conduzido por
seguranças, Nascimento disse à
Folha que tentou falar com o presidente Lula por quatro vezes sem
sucesso. Disse que estava sendo
ameaçado de morte na Paraíba
por haver denunciado o envolvimento de autoridades com narcotráfico, roubo de carga e grupos
de extermínio. Também afirmou
que foi agredido por policiais federais em Brasília. O delegado
Ney Ferreira de Souza, chefe da
Divisão de Direitos Humanos da
PF, negou a acusação.
No último dia 13, José Antonio
Andrade de Souza, 30, servente de
pedreiro desempregado, ateou fogo ao corpo em frente ao Planalto,
alegando que não havia conseguido uma audiência com Lula. Ele
morreu cinco dias depois.
Nascimento esteve sob proteção
da PF em Brasília no período de
17 de fevereiro até o último dia 14,
quando foi excluído do Serviço de
Proteção ao Depoente Especial
sob acusação, entre outras coisas,
de indisciplina e de descumprir
normas de segurança
O motorista foi admitido no
serviço de proteção da PF enquanto aguardava resposta ao pedido de inscrição no Programa de
Proteção às Vítimas e Testemunhas Ameaçadas do Ministério da
Justiça. O pedido dele foi recusado na última quinta-feira.
Nilda Turra, coordenadora do
programa, disse que a decisão foi
baseada em pareceres feitos pelo
Ministério Público e pela ONG
Gajop (Gabinete de Assessorais
Jurídicas às Organizações Populares), segundo os quais Nascimento não é testemunha (porque o
processo ao qual as denúncias dele deram origem foi arquivado)
nem está ameaçado de morte.
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