|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RUMO A 2006
Ministro, que foi contra o projeto como deputado, diz que bancada falhou e que responsabilidade fiscal é suprapartidária
Palocci faz mea-culpa por voto contra LRF
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em resposta calculada aos ataques desferidos ontem pelo
PSDB, o ministro Antonio Palocci
Filho (Fazenda) fez um mea culpa
pelo seu voto contrário, nos tempos de deputado petista de oposição, à Lei de Responsabilidade
Fiscal, cinco anos atrás.
"Quero fazer uma autocrítica.
Naquele momento, a minha bancada [do PT] falhou. Naqueles
idos de 2000, nós não demos
apoio ali, e essa foi uma falha da
bancada, e eu me incluo nessa falha, eu fazia parte dessa bancada.
Esse registro deve ser feito de forma honesta."
Palocci fez a declaração ao interromper um seminário técnico do
ministério sobre o aniversário da
lei. O ministro, que não estava entre os participantes programados,
disse ter comparecido "apenas
para cumprimentar os palestrantes". Mas seu discurso em contraponto ao seminário tucano não se
limitou à autocrítica.
"Mesmo no recente e último governo, quando essa questão foi
tratada de forma intensa, no primeiro governo do governo anterior -e nós estamos falando isso
não como uma crítica, mas olhando depois que aconteceu, de uma
maneira mais fácil-, houve uma
fragilidade fiscal muito grande."
Foi uma referência ao primeiro
mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-1998), quando, a despeito de gastos crescentes com juros, o governo não se preocupava com metas
fiscais. "Essa fragilidade fiscal fez
com que a dívida crescesse de forma importante e a carga tributária também tivesse de crescer de
forma importante."
Além de responsabilizar a gestão tucana pelos níveis excessivos
da carga tributária, outro motivo
de ataque aos petistas, Palocci
afirmou que o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva consertou o
erro anterior de seu partido. "Depois que o presidente Lula assumiu o governo, ele não só corrigiu
[o erro anterior] como iniciou o
governo com uma forte determinação de equilíbrio fiscal."
Foi a oportunidade para mencionar o feito mais vistoso de Lula
até aqui no controle do Orçamento: a redução da dívida pública como proporção do PIB (Produto
Interno Bruto) em 2004, pela primeira vez desde a posse de FHC.
Houve ainda o que pareceu um
recado aos setores do PT que ainda consideram as metas fiscais
um sinônimo de corte nos gastos
sociais. Palocci disse que isso pode ocorrer num primeiro momento, mas, a médio e longo prazos, o controle da dívida pública é
que garante a preservação das políticas para os mais pobres.
O ministro não assistiu, porém,
ao seminário técnico promovido
pela Fazenda, em que os palestrantes apontaram questões incômodas relacionadas à solidez do
programa brasileiro de ajuste fiscal iniciado pelos tucanos e aprofundado pelos petistas.
O seminário foi comandado pelo secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, que fazia parte
da equipe econômica tucana.
Levy atribuiu a alta carga tributária ao crescimento de gastos públicos, em especial com benefícios
da Previdência. Ele descartou a
adoção de metas fiscais que incluam gastos com juros, sugestão
de alguns dos palestrantes.
Amir Khair, que foi secretário
da Fazenda da ex-prefeita de São
Paulo Luiza Erundina, apresentou cálculos segundo os quais o
atual déficit público -2,5% do
PIB em 2004, melhor resultado da
história recente- é insuficiente
para manter a redução da dívida
pública em relação ao PIB, mesmo com a projeção otimista de
um crescimento econômico de
5% ao ano.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: FHC ataca pagamento de juros do governo Lula Índice
|