São Paulo, quinta-feira, 05 de maio de 2005

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Ex-católico, deputado participa de culto evangélico antes de votação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Sob cantos pontuados pelo refrão "Jesus, me dá minha bênção que eu vim buscar", o deputado federal André Luiz participou na manhã de ontem de um culto realizado periodicamente pela Frente Parlamentar Evangélica, que conta com 61 deputados.
"Eu era católico. Estou pensando, para depois desse processo, em vir assistir a Jesus, me transformar em evangélico", afirmou o deputado, que passou a freqüentar as reuniões na reta final das investigações contra ele.
Alvo permanente do foco das câmaras de fotógrafos e de cinegrafistas, André Luiz (sem partido-RJ) sentou na segunda fileira e adotou um comportamento discreto durante todo o culto, apenas levantando as mãos em uma das orações. "Saio daqui mais tranqüilo, em paz, aliviado, me sentindo bem melhor", disse.
Vinte e dois deputados compareceram à sessão religiosa, realizado em uma das comissões da Câmara. Só três discursaram.

"Espíritos demoníacos"
Embora nenhum deles tenha citado diretamente André Luiz, a pregação casou-se perfeitamente com a situação do deputado.
"Nesta Casa, envolvida pelos espíritos demoníacos, temos que nos unir contra os espíritos demoníacos que têm a intenção de fazer o mal e derrubar o próximo", discursou o deputado Philemon Rodrigues (PTB-PB), que é um dos secretários da frente.
"Quando tudo parece perdido para o homem, Jesus lhe estende a mão. Não devemos tomar partido da maioria para fazer o mal, isso contraria o princípio de fazer o bem a quem merece o bem. E todos merecem o bem", completou.
Ao final, Rodrigues negou que tenha preparado sua pregação com base na situação de André Luiz. "Não estou individualizando, falei no sentido geral", disse.

Evidências fortes
À Folha, o presidente da Frente, Adelor Vieira (PMDB-SC), disse acreditar que as evidências contra André Luiz são fortes. Também afirmou ter ouvido que ele é um homem violento e perigoso, mas ressaltou muito a tradição cristã de perdão aos arrependidos.
Apesar de a bancada evangélica não declarar abertamente que votaria a favor de André Luiz, pelo menos um integrante defendeu diretamente o colega. Almir Moura (sem partido-RJ) disse que o processo contra André Luiz foi falho e afirmou que, ao pregar a não-cassação do deputado, estava defendendo os votos dos cidadãos que o elegeram.


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