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Ex-católico, deputado participa de culto evangélico antes de votação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sob cantos pontuados pelo refrão "Jesus, me dá minha bênção
que eu vim buscar", o deputado
federal André Luiz participou na
manhã de ontem de um culto realizado periodicamente pela Frente Parlamentar Evangélica, que
conta com 61 deputados.
"Eu era católico. Estou pensando, para depois desse processo,
em vir assistir a Jesus, me transformar em evangélico", afirmou o
deputado, que passou a freqüentar as reuniões na reta final das investigações contra ele.
Alvo permanente do foco das
câmaras de fotógrafos e de cinegrafistas, André Luiz (sem partido-RJ) sentou na segunda fileira e
adotou um comportamento discreto durante todo o culto, apenas
levantando as mãos em uma das
orações. "Saio daqui mais tranqüilo, em paz, aliviado, me sentindo bem melhor", disse.
Vinte e dois deputados compareceram à sessão religiosa, realizado em uma das comissões da Câmara. Só três discursaram.
"Espíritos demoníacos"
Embora nenhum deles tenha citado diretamente André Luiz, a
pregação casou-se perfeitamente
com a situação do deputado.
"Nesta Casa, envolvida pelos espíritos demoníacos, temos que
nos unir contra os espíritos demoníacos que têm a intenção de
fazer o mal e derrubar o próximo", discursou o deputado Philemon Rodrigues (PTB-PB), que é
um dos secretários da frente.
"Quando tudo parece perdido
para o homem, Jesus lhe estende a
mão. Não devemos tomar partido
da maioria para fazer o mal, isso
contraria o princípio de fazer o
bem a quem merece o bem. E todos merecem o bem", completou.
Ao final, Rodrigues negou que
tenha preparado sua pregação
com base na situação de André
Luiz. "Não estou individualizando, falei no sentido geral", disse.
Evidências fortes
À Folha, o presidente da Frente,
Adelor Vieira (PMDB-SC), disse
acreditar que as evidências contra
André Luiz são fortes. Também
afirmou ter ouvido que ele é um
homem violento e perigoso, mas
ressaltou muito a tradição cristã
de perdão aos arrependidos.
Apesar de a bancada evangélica
não declarar abertamente que votaria a favor de André Luiz, pelo
menos um integrante defendeu
diretamente o colega. Almir Moura (sem partido-RJ) disse que o
processo contra André Luiz foi falho e afirmou que, ao pregar a
não-cassação do deputado, estava
defendendo os votos dos cidadãos que o elegeram.
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