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STF desbloqueia as contas dos acusados de negociar sentenças
Ministro Cezar Peluso aceitou pedido para liberar valores correspondentes aos salários recebidos pelos envolvidos
Ministro amplia prazo para que acusados apresentem suas defesas, para que os advogados tenham acesso à íntegra das gravações da PF
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os acusados de integrar o esquema investigado pela Operação Hurricane (Furacão) começaram a ter parte da movimentação financeira desbloqueada e também ganharam
mais prazo para apresentar
suas defesas.
O ministro do STF (Supremo
Tribunal Federal) Cezar Peluso, que comanda parte da investigação, aceitou o pedido de
desbloqueio de contas-correntes dos acusados nos valores
correspondentes aos salários
que eles recebem, argumentando que os vencimentos "são
inexpropriáveis, dado seu manifesto caráter alimentar".
O bloqueio da movimentação
financeira de 40 pessoas físicas
e jurídicas suspeitas de participação no esquema de venda de
sentenças judiciais pró-bingos
foi feito em abril, por ordem do
próprio Supremo, após tentativas de saques por parte dos presos somando R$ 3,7 milhões.
Peluso afirmou em nota ter
desbloqueado os valores daqueles que "requereram", sem
citar os nomes. O STF está analisando apenas o caso de 6 -dos
25- acusados de participação
no esquema. Eles possuem ou
adquiriram foro privilegiado,
como o caso do ministro do STJ
(Superior Tribunal de Justiça)
Paulo Medina, que recebe salário mensal de R$ 23,2 mil.
Com a decisão de Peluso, a
tendência é que os outros acusados consigam o desbloqueio
de parte de suas movimentações financeiras caso solicitem
aos tribunais regionais.
Peluso também ampliou o
prazo que os acusados tinham
para apresentar suas defesas, o
que terminaria na segunda-feira. O STF aguarda as defesas
para decidir se abre ou não processo penal contra os suspeitos,
que foram denunciados (acusados formalmente) pelo Ministério Público Federal.
A decisão de Peluso foi motivada para que os advogados pudessem ter acesso à íntegra das
gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal durante as investigações. Parte deles não estaria anexada aos autos.
"Todo dia sai alguma coisa na
imprensa, dados absurdamente cedidos pela PF, e a defesa
não tem acesso. As informações não têm que vir de forma
fatiada aos autos, de acordo
com a conveniência da PF ou
do Ministério Público", disse o
advogado Luís Guilherme Vieira, que faz a defesa do magistrado do Tribunal Regional Federal da 2ª Região José Eduardo
Carreira Alvim. Vieira foi um
dos que reclamaram ao STF sobre a falta de informações.
O STJ (Superior Tribunal de
Justiça) recebeu ontem pedidos de habeas corpus de advogados de acusados que, por não
possuírem foro privilegiado, foram denunciados no Tribunal
Regional Federal da 2ª Região,
no Rio de Janeiro.
O gabinete da ministra Laurita Vaz, que recebeu os pedidos de habeas corpus, não deu
detalhes sobre eles alegando
que a investigação está sob segredo de Justiça. Nem todos
são relacionados à libertação
dos acusados. Haveria alguns
que pretendem vedar uma possível transferência dos presos.
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