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PT exige dízimo de assessores que têm cargos de confiança
Políticos petistas seriam obrigados a recolher a contribuição de seus assessores
Pelas contas do PT, 80% dos 5.000 filiados em cargos de confiança na União devem R$ 30 mi, enquanto a dívida do partido chega a R$ 47 mi
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com uma dívida recorde na
praça e um buraco que não pára
de crescer, o PT promoverá um
duro ajuste fiscal com uma série de medidas polêmicas -como a transformação de vereadores, deputados e senadores
em cobradores do "dízimo" do
partido entre seus assessores.
Por sugestão do tesoureiro
do partido, Paulo Ferreira, e de
seus homólogos nos diretórios
estaduais, o estatuto seria modificado para obrigar os detentores de mandatos legislativos
a recolherem a contribuição,
que todo filiado petista deve fazer mensalmente, dos funcionários de seus gabinetes.
"A arrecadação da contribuição em seu gabinete passaria a
ser uma responsabilidade do
mandatário. Evidentemente
que teria um tipo de punição se
isso não ocorresse", declarou
Ferreira. O "dízimo" é uma
contribuição variando entre
2% e 10% sobre o salário que
cada detentor de mandato ou
cargo de confiança deve recolher ao partido.
Pelas contas do PT, 80% dos
cerca de 5.000 filiados em cargos de confiança na administração federal estão inadimplentes. O débito acumulado é
de R$ 30 milhões, mais da metade da dívida do partido, de R$
47 milhões.
O partido hoje já pune esses
inadimplentes, proibindo-os,
por exemplo de participar de
eventos partidários. Isso poderia passar a acontecer também
com vereadores, deputados estaduais e federais e senadores
que se revelassem maus cobradores. A proposta de mudança
no estatuto será discutida no 3º
Congresso do partido, marcado
para agosto.
Outro item que poderá causar barulho é aplicar o "dízimo"
não só sobre os salários dos
parlamentares, mas também
sobre todas as verbas de gabinete. Ao contrário de salários,
que é dinheiro privado, as verbas de gabinete são públicas,
com a destinação específica de
dar infra-estrutura ao mandato
parlamentar. Também seriam
"mordidas" pelo partido.
O PT também estuda uma espécie de Refis interno, para estimular devedores a acertar
suas contas mediante um desconto no valor total.
Ferreira diz que a dívida total
do partido, herança da gestão
de Delúbio Soares na tesouraria petista, é administrável. O
perfil teria mudado: as centenas de credores de curto prazo
foram substituídas por débitos
de longo prazo com grandes
credores, como bancos, gráficas e indústrias têxteis.
"Tenho perspectiva de negociação com alguns credores importantes até o final do ano. Na
próxima prestação de contas, o
PT vai seguramente apresentar
resultado operacional positivo", prometeu o tesoureiro.
No passado, outras promessas não foram cumpridas. Ao final da campanha presidencial
de Luiz Inácio Lula da Silva, por
exemplo, uma dívida de quase
R$ 11 milhões com gráficas acabou assumida pelo partido, que
prometeu zerá-la até o final de
2006. A dívida permanece.
Outros credores importantes
do partido são a Coteminas, de
propriedade da família do vice-presidente, José Alencar, que
forneceu camisetas para a campanha municipal de 2004, e
bancos como o BMG, o Rural e
o Banco do Brasil.
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