São Paulo, segunda-feira, 05 de maio de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PDT cobra Paulinho e teme efeito da crise nas alianças

Executiva do partido se reúne amanhã para ouvir as explicações do deputado

Congressistas temem que associação com suposto esquema de corrupção possa afastar união com outras siglas para eleição


MARIA CLARA CABRAl
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Congressistas do PDT que vão se reunir amanhã com Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, dizem que vão cobrar mais do que negativas sobre o seu suposto envolvimento no esquema de fraude em empréstimos concedidos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Em reunião da Executiva, em Brasília, deputados e senadores dizem esperar uma manifestação que refute categoricamente a participação de Paulinho e consiga afastar qualquer tipo de prejuízo eleitoral à sigla.
O líder da bancada na Câmara, deputado Vieira da Cunha (PDT-RS), disse que vai solicitar cópia dos autos das investigações para que Paulinho possa dar sua versão. Parlamentares também esperam que seja aprovada na reunião a indicação de pedetistas que acompanhem de perto o desdobramento da Operação Santa Tereza, da Polícia Federal.
Caso fique comprovado qualquer participação de Paulinho, o partido pode utilizar seu estatuto para aplicar eventuais punições. As penas variam desde uma repreensão verbal até o julgamento interno no Conselho de Ética.
"É claro que ele [Paulinho] é um quadro importante para o partido, principalmente em São Paulo, mas o PDT é maior do que isso, é nacional. Se a coisa não caminhar para um convencimento, teremos que buscar medidas estatutárias. Se ele não convencer, teremos que criar uma comissão que acompanhe as investigações, apurar o envolvimento ético e, se for o caso, partir para sanções", afirmou o deputado Paulo Rubem Santiago (PDT-PE).
"Daremos a oportunidade para que ele possa colocar a situação para o partido, sempre lembrando que o deputado é uma liderança nacional, mas que a questão ética nos incomoda. Não queremos inverter o ônus da prova, mas queremos explicações firmes", disse Vieira da Cunha.

Eleições
O partido também se preocupa em não deixar que as acusações contra o presidente da Força prejudiquem a formação de alianças para as eleições municipais de outubro.
O PSDB e o PT, no entanto, que brigam para conseguir o apoio do PDT e do bloquinho (PC do B, PSB, PMN) em São Paulo, dizem que as conversas continuam, mesmo com as suspeitas que recaem sobre o parlamentar.
O deputado Sílvio Torres (PSDB-SP), um dos articuladores da campanha do ex-governador Geraldo Alckmin, afirma que as acusações contra Paulinho por enquanto não interferem na busca pela aliança.
"Sabemos que o bloquinho busca ter uma candidatura própria em São Paulo, mas o perfil do PDT é de um partido que interessa ao PSDB se coligar e vai continuar interessando. Até porque as alianças são feitas com os partidos e não com as pessoas", disse Torres.
Edinho Silva, presidente do diretório estadual do PT de São Paulo, também afirma que as conversas para fechar uma aliança entre o PDT e Marta Suplicy continuam.
"Ainda não temos nada que desabone o PDT e a minha função é manter o espaço de diálogo para prováveis aliados. Acho que as acusações contra Paulinho não prejudicam em nada, mesmo porque ainda não temos nem um inquérito concluído", afirmou.
O deputado Paulinho tem falado, desde que seu nome apareceu associado ao suposto esquema de desvio de recursos do BNDES, que não foi informado oficialmente de nenhuma suspeita levantada pela PF e que só tem recebido informações pela imprensa. Na semana passada, o juiz substituto Márcio Ferro Catapani, da 2ª Vara Federal de São Paulo, determinou envio de cópia integral do caso ao Supremo Tribunal Federal e ao Tribunal Regional Federal para que seja apurada eventual participação de Paulinho no caso. Por ser deputado, Paulinho tem foro privilegiado.


Texto Anterior: Construtoras rebatem suspeitas do TCU
Próximo Texto: Nome de prefeito vira questão em concurso
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.