São Paulo, segunda-feira, 05 de junho de 2000


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Cresce a pobreza nas regiões metropolitanas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Plano Real não apenas deixou para trás o efeito positivo de distribuir a renda no país, como já vêm sendo detectados sinais de aumento da pobreza em regiões metropolitanas, principalmente em São Paulo e, mais recentemente, em Belo Horizonte (MG).
Essa é uma das principais conclusões do estudo ""Pobreza e desigualdade no Brasil: o esgotamento dos efeitos distributivos do Plano Real" publicado por Sonia Rocha, da Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
O número total de pobres no Brasil só não tem crescido porque, segundo a pesquisadora, ""o agravamento da pobreza nas metrópoles tem sido compensado pela ligeira melhoria em áreas não metropolitanas". Assim, a porcentagem de pobres da população tem se mantido estável em 34%, dez pontos percentuais abaixo da pobreza registrada antes do Real.

Razões
O agravamento da pobreza nas regiões metropolitanas resulta do fechamento de vagas para trabalhadores com baixo nível de qualificação (até quatro anos de estudo). Entre o segundo semestre de 1994, quando foi lançado o Real, e maio de 1999, foi extinto 1,3 milhão de postos de trabalho para pessoas com essa escolaridade.
Ao mesmo tempo, como um efeito combinado, foi registrada queda no rendimento médio desses trabalhadores, que ainda representam a quarta parte da mão-de-obra das regiões metropolitanas. Em 1999, a queda foi de 11%.
Em trabalho específico sobre as regiões metropolitanas, Sonia Rocha relata a perda de postos de trabalho para trabalhadores com menos de oito anos de escolaridade em São Paulo, mais um indício de agravamento da pobreza.
""Na verdade, a reestruturação produtiva tem normalmente o efeito de alijar do mercado de trabalho a mão-de-obra menos qualificada. O que se observa nesse momento é um agravamento das condições de inserção no mercado de trabalho devido à estagnação econômica de 1998 e à desvalorização cambial de janeiro de 1999", analisa a pesquisadora.
A pobreza nas metrópoles brasileiras não é desprezível: nessas regiões concentram-se 46,1 milhões de pessoas ou cerca de 30% da população do país.
Sonia Rocha também chama a atenção para a possibilidade de a concentração de renda ""já explosiva" aumentar.

Diferenças
O trabalho publicado pelo Ipea esclarece que, devido a custos de vida desiguais, o nível de renda que caracteriza a pobreza em São Paulo, por exemplo, é maior do que o de um pobre na área rural do Nordeste.
Para evitar o agravamento da pobreza, a pesquisadora sugere que o governo melhore a eficiência do gasto público, dirigindo-o mais para os pobres.
Além disso, defende intervenções no mercado de trabalho e políticas de transferência de renda. (MS)


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