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Cresce a pobreza nas regiões metropolitanas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Plano Real não apenas deixou
para trás o efeito positivo de distribuir a renda no país, como já
vêm sendo detectados sinais de
aumento da pobreza em regiões
metropolitanas, principalmente
em São Paulo e, mais recentemente, em Belo Horizonte (MG).
Essa é uma das principais conclusões do estudo ""Pobreza e desigualdade no Brasil: o esgotamento dos efeitos distributivos do
Plano Real" publicado por Sonia
Rocha, da Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
O número total de pobres no
Brasil só não tem crescido porque, segundo a pesquisadora, ""o
agravamento da pobreza nas metrópoles tem sido compensado
pela ligeira melhoria em áreas não
metropolitanas". Assim, a porcentagem de pobres da população
tem se mantido estável em 34%,
dez pontos percentuais abaixo da
pobreza registrada antes do Real.
Razões
O agravamento da pobreza nas
regiões metropolitanas resulta do
fechamento de vagas para trabalhadores com baixo nível de qualificação (até quatro anos de estudo). Entre o segundo semestre de
1994, quando foi lançado o Real, e
maio de 1999, foi extinto 1,3 milhão de postos de trabalho para
pessoas com essa escolaridade.
Ao mesmo tempo, como um
efeito combinado, foi registrada
queda no rendimento médio desses trabalhadores, que ainda representam a quarta parte da mão-de-obra das regiões metropolitanas. Em 1999, a queda foi de 11%.
Em trabalho específico sobre as
regiões metropolitanas, Sonia Rocha relata a perda de postos de
trabalho para trabalhadores com
menos de oito anos de escolaridade em São Paulo, mais um indício
de agravamento da pobreza.
""Na verdade, a reestruturação
produtiva tem normalmente o
efeito de alijar do mercado de trabalho a mão-de-obra menos qualificada. O que se observa nesse
momento é um agravamento das
condições de inserção no mercado de trabalho devido à estagnação econômica de 1998 e à desvalorização cambial de janeiro de
1999", analisa a pesquisadora.
A pobreza nas metrópoles brasileiras não é desprezível: nessas
regiões concentram-se 46,1 milhões de pessoas ou cerca de 30%
da população do país.
Sonia Rocha também chama a
atenção para a possibilidade de a
concentração de renda ""já explosiva" aumentar.
Diferenças
O trabalho publicado pelo Ipea
esclarece que, devido a custos de
vida desiguais, o nível de renda
que caracteriza a pobreza em São
Paulo, por exemplo, é maior do
que o de um pobre na área rural
do Nordeste.
Para evitar o agravamento da
pobreza, a pesquisadora sugere
que o governo melhore a eficiência do gasto público, dirigindo-o
mais para os pobres.
Além disso, defende intervenções no mercado de trabalho e
políticas de transferência de renda.
(MS)
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