São Paulo, segunda-feira, 05 de junho de 2000


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CEARÁ
Ex-chefe de gabinete de Tasso, ele vê "armação" em denúncia de pistoleiro
Vice de Patrícia Gomes é acusado

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Candidato a vice-prefeito de Fortaleza na chapa de Patrícia Gomes (PPS) e ex-chefe de gabinete do governador do Ceará, Tasso Jereissati, João Jaime Marinho (PSDB) está sendo acusado por um pistoleiro de ter sido cúmplice da morte de seu próprio tio -o prefeito de Acaraú, João Jaime Ferreira Gomes.
Segundo sua assessoria e Patrícia Gomes, a acusação não passa de uma ""armação" política.
O pistoleiro Francisco de Assis Mendes Barbosa, conhecido como Pantico, afirmou em depoimento ao juiz Haroldo Máximo que recebeu de João Jaime Marinho R$ 4.000 para assumir o crime e "desaparecer" durante seis meses. O crime ocorreu em 98.
No depoimento, prestado na semana passada, Pantico disse que foi sequestrado e coagido a aceitar a ""encomenda".
Segundo o pistoleiro, um policial de nome Aloísio participou da intimidação.
Ele teria dito a Pantico que "o doutor João Jaime quer dar dinheiro para você assumir o crime e desaparecer".

Deputados
A intenção do ex-chefe de gabinete seria, de acordo com Pantico, incriminar "uns deputados".
No caso, os parlamentares envolvidos seriam o deputado estadual Manoel Duca da Silveira Neto (sem partido) e o deputado federal Aníbal Ferreira Gomes (PMDB), dois parentes de João Jaime Ferreira Gomes.
Até a denúncia do pistoleiro, os dois eram apontados como os principais suspeitos do crime. Ambos negam.
João Jaime Marinho, além de ter sido chefe de gabinete do governador, é casado com uma prima de Tasso, Márcia Jereissati.
Segundo pesquisa Datafolha publicada em 28 de maio, a candidatura de Patrícia, ex-mulher do presidenciável Ciro Gomes, lidera a corrida eleitoral em Fortaleza, com 29%.
A segunda colocação aparecia dividida entre dois candidatos: o deputado federal Inácio Arruda (PC do B) e o atual prefeito da capital cearense, Juraci Magalhães (PMDB), o primeiro com 20%, e o segundo com 19% dos votos.

Outro lado
Segundo a assessora de Marinho Kelly de Castro, as denúncias não têm fundamentos e são eleitoreiras.
"O PMDB do atual prefeito está "plantando" as informações na imprensa local, que já mostrou de que lado está", afirmou Kelly de Castro.
Com a mesma opinião, Patrícia Gomes, ao defender Marinho, afirmou que "meia dúzia de canalhas está querendo denegrir a imagem de um rapaz que é vítima de tudo isso".
Para a polícia, a disputa entre as alas da família em Acaraú, cidade a cerca de 200 km de Fortaleza, é provavelmente a causa da morte do então prefeito da cidade.
Há 20 anos os dois grupos principais da família, o ligado ao prefeito morto e o ligado aos deputados Silveira Neto e Ferreira Gomes, se alternam no poder na cidade de Acaraú.


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