São Paulo, segunda-feira, 05 de junho de 2000


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VIAGEM PRESIDENCIAL
Conversa hoje com premiê inclui programa francês que colocou jovens no mercado de trabalho
Desemprego será tema de FHC e Jospin

Lula Marques/Folha Imagem
Fernando Henrique Cardoso durante visita, ontem, ao parisiense castelo de Malmaison, criação de uma das mulheres de Napoleão


CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A PARIS

O objetivo central da visita a Paris que o presidente Fernando Henrique Cardoso iniciou sábado é informar-se pessoalmente sobre os avanços sociais ocorridos na França, em especial o programa "Primeiro Emprego".
"O desemprego (no Brasil) preocupa sobretudo para os jovens, porque os dados mostram que está afetando mais a eles", explicou o presidente em improvisada entrevista coletiva aos jornalistas brasileiros durante sua visita matinal ao castelo de Malmaison.
Se é assim, o primeiro-ministro Lionel Jospin, com quem FHC janta hoje, tem de fato algo a ensinar: o plano de emprego juvenil, por ele lançado e financiado com recursos públicos, colocou 242 mil jovens no mercado de trabalho, desde que Jospin tomou posse há três anos.
Mas outro item da agenda social francesa que em tese ajudou a reduzir o desemprego (a introdução das 35 horas de trabalho por semana) não é de interesse imediato para FHC. O presidente brasileiro acha que, no Brasil, "há coisas mais importantes" para fazer nessa área, como "carteira de trabalho assinada para a maioria", em vez de tratar do que chamou de um tema "de vanguarda".
FHC afirma que, na França, por ser país mais homogêneo que o Brasil, "talvez não haja necessidade de um jornada de trabalho tão longa". Ele sugere que o tema das 35 horas seja discutido pelos sindicatos empresariais e de trabalhadores, mas não se trata de algo que deva ser motivo de decisão do governo. "É uma questão da economia privada", diz.
Na França, o governo Jospin gaba-se de ter criado 1,150 milhão de postos de trabalho em três anos, em parte graças às 35 horas, cuja implantação, ao contrário do que diz FHC, envolveu recursos públicos para estimular as empresas que adotam o esquema.
A criação de postos de trabalho permitiu reduzir o desemprego a pouco menos de 10%, na primeira vez, em dez anos, em que o índice de desemprego fica abaixo dos dois dígitos. No Brasil, afirma FHC, o desemprego não chegou aos dois dígitos e também está caindo (de 8,1% para 7,8%).
Já com Jacques Chirac, com quem almoça também hoje, FHC discutirá como "dar mais força política" à idéia do acordo entre União Européia e Mercosul.
O acordo para a criação de uma zona de livre comércio entre os dois blocos foi uma proposta original do presidente francês, e FHC acha que seria lógico que Chirac queira conclui-lo ainda em seu mandato, que termina em 2002.
A data tentativa estabelecida para a criação da área de livre comércio entre os dois blocos é 2005, mas as negociações estão caminhando vagarosamente por um motivo central: o protecionismo agrícola europeu, em especial o da própria França.
"É uma questão fundamental", diz FHC, mas "ninguém vai imaginar que, de um dia para outro, as coisas se resolvam".
No máximo, o presidente espera poder definir com Chirac "um cronograma que permita um acordo entre Mercosul e União Européia". Se efetivamente criado, o novo bloco comercial será o maior do mundo.
A expectativa de FHC sobre avançar em um cronograma está em parte baseada no fato de que França e Brasil assumem, no segundo semestre, a presidência de turno de, respectivamente, União Européia e Mercosul.
FHC retorna ao Brasil aos 30 minutos da terça (5h30 em Brasília), chegando a Brasília às 7h.


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