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Erro do governo beneficia empresas aéreas
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A batalha judicial entre o governo e as empresas aéreas contém
uma falha da defesa da União na
fase de perícia, que gerou a expectativa de pagamento de indenizações de R$ 4,8 bilhões.
O trabalho das perícias, para
examinar se as empresas têm direito à indenização e calcular o valor eventualmente devido, foi
acompanhado por técnicos da
Aeronáutica que teriam permitido a ocorrência de erros, segundo
o procurador da República em
Brasília Antônio Fonseca.
"O pecado foi o governo não ter
buscado o técnico correto para
dar as alegações corretas", disse
Fonseca, que acompanha a causa.
Segundo ele, todas as empresas tinham problemas de gestão, que
não foram apreciados na perícia.
A área econômica do governo,
setor que tem em tese as melhores
condições para contestar argumentos sobre perdas decorrentes
de controle de preços, só examinou a causa há um ano, após pedido do Ministério Público Federal.
Naquele momento, a maioria
das empresas já havia obtido vitória na primeira instância judicial,
a Justiça Federal em Brasília, e cada causa já estava para ser reexaminada pelo TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região.
Fonseca crê que a tendência até
agora desfavorável à União possa
ser revertida, embora considere
que as hipóteses de contestação
das perícias sejam mais remotas a
partir da fase atual dos processos.
Concluídos os julgamentos de
recursos no TRF, os processos deverão ser examinados pelo STJ
(Superior Tribunal de Justiça) e
STF (Supremo Tribunal Federal).
Estudo
O estudo sobre o caso assinado
pelo secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério
da Fazenda, Claudio Considera,
sustenta que prejuízos do setor
aéreo entre 1986 e 1992, quando
houve controle ou congelamento
de preços, foram determinados
por outros fatores, como a ineficiência no gerenciamento.
No documento sobre o desempenho da Vasp, por exemplo, a
área econômica cita trecho de um
relatório de 1990 em que a direção
da empresa defendia a expansão
dos investimentos apesar de reconhecer o "cenário de estagnação
geral" da economia então existente, o que seria gestão temerária.
Com base no memorial da área
econômica, o Ministério Público
contesta também a concessão habitual pelo setor aéreo nacional de
descontos de tarifa sobre 25% dos
assentos de primeira classe e o pagamento pelas empresas de remuneração alta a seus diretores.
Crítica
A principal crítica à perícia é
que o trabalho teria aplicado apenas um cálculo matemático simples envolvendo o número de
passagens aéreas vendidas a cada
ano e o índice de reajuste da tarifa
pretendida pelo setor, sem considerar a redução da demanda
quando há aumento de preço.
A Folha procurou ouvir o Ministério da Aeronáutica e o Departamento de Aviação Civil. Os
dois órgãos não souberam informar o nome dos responsáveis pelo acompanhamento das perícias.
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