São Paulo, terça-feira, 05 de junho de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

O lobista e a ministra

O lobista Sérgio Sá, preso na Operação Navalha sob a acusação de traficar influência em nome da empreiteira Gautama no Ministério de Minas e Energia, esteve pelo menos uma vez no Palácio do Planalto, onde se reuniu com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Foi no dia 6 de abril de 2006, quando participou de audiência de diretores de outra empresa para a qual presta serviços, a Engevix, com Dilma.
Segundo o senador João Ribeiro (PR-TO), responsável pelo agendamento, foi Sérgio Sá quem lhe pediu que marcasse a reunião, para que a Engevix mostrasse a Dilma o novo projeto da usina hidrelétrica de Santa Isabel, no rio Araguaia. "Apresentamos, ela achou bom e disse que iria encaminhar", conta Ribeiro.

Micada. A Engevix fez o projeto da Santa Isabel, que teve o licenciamento negado duas vezes pelo Ibama. Na opção apresentada a Dilma, a capacidade de geração seria reduzida de 1.087 megawatts para metade disso. Mesmo assim, a licença ainda não saiu.

Show do milhão. Larry Flynt, o célebre dono da revista pornô "Hustler", publicou anúncio de página inteira no "Washington Post" de domingo oferecendo US$ 1 milhão a quem relatar -em detalhes e com provas- ter vivido caso extraconjugal com algum político. Em Brasília, diz uma voz experiente, R$ 10 mil seriam suficientes para formar fila na praça dos Três Poderes.

Psiu. Berço das operações Navalha e Octopus, a Bahia vive um silêncio cauteloso que atinge todos os partidos. Teme-se nova onda de prisões focada no chamado G8, grupo de empresas que domina os contratos no Estado.

Lá e cá. Se na Câmara a bancada baiana do DEM se recusa a assinar a CPI da Navalha, na Assembléia os carlistas pressionam o governador Jaques Wagner (PT) a afastar o secretário Paulo Bezerra, flagrado na Octopus.

Outro lado. O TCU argumenta que suas recém-adquiridas TVs de plasma são instrumento de trabalho dos ministros do tribunal, que com freqüência recebem material em DVD para analisar. A compra dos aparelhos foi feita por meio de pregão eletrônico.

Assim não. Um grupo de petistas tentará esvaziar reunião sobre reforma política no dia 14. "A Executiva não tem competência para fechar questão. Quem faz isso é o Diretório Nacional", afirma Cândido Vaccarezza (PT-SP), contrário ao voto em lista.

Calouro. Chamado a substituir Ricardo Berzoini, que estava doente, no comando de reunião do PT ontem, Jilmar Tatto deu sinais de algum nervosismo, que os colegas procuraram combater aplaudindo o deputado efusivamente.

Pai da criança. Por aqui com Suely Vilela, tucanos do governo Serra fazem questão de lembrar o nome do correligionário que mais insistiu com Geraldo Alckmin para nomeá-la, em novembro de 2005, reitora da USP: Duarte Nogueira, então deputado estadual e hoje federal.

Paradona. A atual legislatura da Assembléia paulista já se aproxima do terceiro mês sem que os cargos nas comissões permanentes da Casa tenham sido completamente ocupados. Pelo menos 15 pedidos de CPI já foram engavetados com a ajuda do governo.

Preço. Deputado e presidente do PDT-SP, Paulo Pereira da Silva ameaça retirar apoio ao prefeito Gilberto Kassab (DEM) por causa do fechamento de bingos. O partido de Paulinho comanda a subprefeitura de Itaim Paulista e a Secretaria do Trabalho.

Visita à Folha. José Antônio Toffoli, advogado-geral da União, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Francis Bicca, coordenador-geral de gabinete, e de Adão Paulo, assessor especial.

Tiroteio

"Alckmin se desconectou. Enquanto bate em Lula, o PSDB dialoga. Talvez isso explique a baixa audiência de sua festa de chegada".
Do deputado PAULO TEIXEIRA (PT-SP) sobre as críticas ao governo feitas pelo candidato à Presidência derrotado em 2006 ao retornar de um período de estudos nos EUA.

Contraponto

Devagar com o andor

No sábado, filiados do PSOL se reuniram em uma favela na Penha, no Rio, para discutir teses do 1º Congresso do partido, marcado para o próximo fim de semana. Encerrados os debates, o coordenador do grupo, Diquinho, um velho militante da esquerda, pediu a palavra:
-Chegou a hora de tirar os delegados, companheirada!-, afirmou, referindo-se aos representantes da sigla que ganhariam direito de votar no congresso.
Um jovem estreante na vida partidária interveio:
-Olha, tudo bem que a gente quer mudar as coisas, mas, no meio desta crise na segurança pública, não vai dar certo sair por aí tirando delegados...


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