São Paulo, quinta-feira, 05 de junho de 2008

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Justiça quebra sigilos de firmas da Universal

Advogado da igreja nega lavagem de dinheiro e diz que suspeitos e as duas empresas da Iurd estão regulares na Receita

Ministério Público suspeita que dinheiro dos fiéis era lavado em paraíso fiscal; STF proibiu a revelação de dados do senador Marcelo Crivella

AFONSO BENITES
DA REDAÇÃO

Duas empresas da Igreja Universal do Reino de Deus e sete pessoas vistas como lideranças na instituição tiveram os sigilos bancário e fiscal quebrados pela Justiça de São Paulo. A decisão se refere a um processo movido pelo Ministério Público que investiga os suspeitos por lavagem de dinheiro.
Baseados em movimentações financeiras registradas pelo Coaf (Conselho de Controle da Atividade Financeira), promotores do Gaerco (Grupos de Atuação Especial Regional de Prevenção e Repressão ao Crime Organizado ) suspeitam que líderes da Universal estariam enviando recursos doados por fiéis para as "offshores" Cableinvest Limited e Investholding Limited, localizadas nas Ilhas Cayman.
Conforme a suspeita, o dinheiro era repatriado ao Brasil por intermédio das empresas Cremo Empreendimentos S/A e Unimetro Empreendimentos S/A, ambas da Universal.
A notícia foi veiculada no jornal "O Estado de S. Paulo".
A Folha apurou que três políticos tiveram os sigilos quebrados: o vereador em Petrópolis (RJ) Claudemir Mendonça de Andrade (PSDB), o ex-vereador no Rio Waldir Abrão e o ex-secretário municipal de Esportes de São Paulo, Márcio de Lima Araújo. David Noguchi Quinderé, José Antônio Alves Xavier e Álvaro Stievano Júnior também terão os dados revelados à Justiça.
O Judiciário autorizou ainda a quebra de sigilo do vereador carioca João Monteiro de Castro, assassinado em 2004.
Os promotores pediram acesso às informações fiscais do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), por suspeita de envolvimento com a Cableinvest Limited. Porém, por ele ter foro privilegiado, o STF (Supremo Tribunal Federal) teria que autorizar. O que não ocorreu.
O processo de lavagem de dinheiro está no Departamento de Inquéritos Policiais da Capital e corre sob segredo judicial.

Outro lado
O advogado dos suspeitos e das duas empresas da Universal, Arthur Lavigne, negou a acusação. Por telefone, ele disse que uma fiscalização da Receita Federal mostrou que uma das empresas está regular. "A Receita já esteve em uma delas e não encontrou nada errado. A outra está sendo investigada neste momento", falou.
Lavigne relatou que vai apresentar ao Judiciário os dados fiscais de seus clientes para tentar provar a inocência deles. "A Justiça vai ver que toda a movimentação foi declarada no Imposto de Renda de cada um e que tudo está correto."
De acordo com o advogado, o processo movido pelo Ministério Público de São Paulo é similar ao que as mesmas pessoas já respondem no Rio pela compra da Rede Record. "Estamos mostrando que em nenhum deles há irregularidades", acrescentou Lavigne.


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