São Paulo, quinta-feira, 05 de junho de 2008

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Kassab acusa Marta de fazer "estelionato" e escanteia Alckmin

Prefeito afirma, em resposta a críticas feitas pela petista, que ela deveria "ter vergonha de falar de sua administração'

Estratégia do candidato do DEM à reeleição em São Paulo é polarizar com a ex-prefeita para assegurar espaço no segundo turno

DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), acusou ontem a petista Marta Suplicy de estelionato ao reagir à entrevista concedida pela ex-prefeita à Folha. Interessado em polemizar com Marta em busca de vaga no segundo turno, Kassab disse que a ex-prefeita "deveria ter vergonha de falar de sua administração".
"Ela deixou a prefeitura falida, cheia de dívidas, com fila de credores. Ela deveria saber que o paulistano tem memória."
Em entrevista à Folha, Marta chamou a gestão Serra/Kassab de "tímida e medíocre". Segunda ela, o governo não faz inclusão, mas "enrolação social". Marta disse ainda que tinha se decepcionado com a saída do governador José Serra (PSDB) da prefeitura para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes.
"Ela fantasia a administração dela. Deixou um terreno baldio onde hoje é o hospital de M'Boi Mirim. O Cidade Tiradentes era um esqueleto. É um estelionato reivindicar a autoria dessas obras", reagiu ele.
Desafiando Marta a comparar as duas gestões -item por item-, Kassab disse que "é uma afronta ouvir a prefeita que fracassou na saúde tentar minimizar as AMAs [Atendimento Médico Ambulatorial]".
Associado por Marta ao ex-prefeito Celso Pitta -de quem foi secretário-, Kassab evocou o publicitário Duda Mendonça, já responsável pela campanha da petista e do ex-prefeito Paulo Maluf, para rebater. "A administração dela foi "Duda Mendonça". Muito marketing e pouca ação", comparou.
Kassab lembrou ainda que a petista fora apelidada de "Martaxa" por conta dos impostos e sugeriu que ela "eleve o nível".
Apesar do tom ofendido, Kassab põe em prática sua estratégia: polarizar com a ex-prefeita para assegurar espaço no segundo turno. Ao eleger o prefeito como alvo, Marta também dá sinais de que o prefere como adversário. Daí o convite para o embate.
Dividindo com Marta a liderança das pesquisas de opinião, o tucano Geraldo Alckmin não quis comentar a entrevista.

Trânsito
Reagindo às críticas de Marta ao trânsito da cidade, Kassab disse que a ex-prefeita sucateou a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). "Se o problema é o trânsito, por que ela não fez a parte dela?"
Petistas prometem buscar munição para desmontar o discurso de Kassab. Citam como exemplo o boletim do diário operacional da CET de abril obtido pela Folha em maio.
A cidade tem hoje 965 agentes de trânsito nas ruas, número semelhante aos 900 de 2001. A diferença, ressaltam os petistas, é que hoje a cidade tem uma frota de 6,07 milhões de veículos, quase 1 milhão a mais que há sete anos.
O secretário de Educação, Alexandre Schneider, rebateu as críticas à qualidade do uniforme e das obras nos CEUs.
"Ela foi muito sincera. Ao se referir de forma depreciativa a esta gestão e ao prefeito em vez de apresentar propostas, reafirma um traço de sua personalidade bastante conhecido. De outro lado, reconhece que as políticas de educação desta gestão são distintas das dela. Absolutamente verdadeiro."
Segundo Schneider, Marta "focou sua atuação na educação na construção de CEUs e no fortalecimento de ações assistencialistas, como a entrega de uniformes". Para isso, "reduziu o orçamento da educação de 30% para 25%".
"Não sou contra dar uniforme, desde que por um preço justo e com qualidade. Mas isso não é política de educação, mas de assistência social".


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