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"Estão pedindo meu pobre pescocinho", afirma Minc
Kátia Abreu diz que não tem mais "diálogo" com ministro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Com frases de efeito do tipo
"estão pedindo meu pobre pescocinho", o ministro Carlos
Minc (Meio Ambiente) disse
ontem que ficará no cargo e voltou a criticar os ruralistas. Já a
senadora Kátia Abreu (DEM-TO) afirmou não ter mais condições, como presidente da
CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), de
dialogar com Minc.
Há duas semanas, o ministro
confronta ruralistas a quem
chamou de "vigaristas", levando a senadora a pedir sua demissão. "Estão querendo tirar
uma picanha do Carlinhos
Minc", disse ontem durante audiência pública na Câmara.
Apesar das ironias, ele admitiu
que se excedeu no episódio.
Kátia Abreu, que estava ontem no Paraná, onde participou
de conferências sobre agronegócio, disse que "esse cidadão
[Minc] tem preconceito explícito contra nós". "Conosco, o
diálogo [com Minc] é praticamente impossível. Minha agenda não tem mais espaço para
ele", disse ela. "Ninguém chama ninguém de vigarista à toa."
O ministro resolveu partir
para o ataque depois de uma série de derrotas sofridas na queda de braço com setores do governo. Uma importante foi a redução, determinada por Lula,
na taxa de compensação ambiental cobrada de empresas.
Ontem, ele afirmou ter sido
enquadrado por Lula ainda na
semana passada. "Como ministro obediente em relação ao
meu chefe, desde que não seja
para dar licença [ambiental]
sem cumprir as leis, não farei
mais polêmicas públicas com
os ministros", disse Minc.
Abreu afirmou que Minc não
deve ocupar cargos públicos
para defender interesses de
uma classe. "O ministro do
Meio Ambiente tem que se
preocupar com o ambiente e
não com os ambientalistas, assim como o ministro Reinhold
Stephanes [Agricultura] deve
se preocupar com a produção e
não com os ruralistas."
Em outro momento, Minc
diz que vai procurar Abreu para
conversar. "Eu sempre o respeitei. Quem encerrou e fechou
as portas foi ele", disse ela.
Minc voltou ontem mesmo
ao tom crítico. "O país vive um
momento grave e há quem
queira estraçalhar a legislação",
disse. Segundo o ministro, um
"senhor fez um estudo dizendo
que o Brasil é uma grande unidade de conservação", sem espaço para agricultura.
"O Ministério do Meio Ambiente refuta esses dados como
mentirosos", afirmou. Essa crítica já havia sido feita e, nessa
ocasião, Minc disse que "o ministro Stephanes sempre leva
[com ele] um senhor que fez" o
estudo sobre engessamento.
Stephanes está na Rússia.
Sua assessoria informou que
faz parte da agenda apresentar
estudos ao presidente referentes à sua área e que ele não rebaterá declarações de Minc.
A ministra Dilma Rousseff
negou ontem, em São Paulo,
que exista uma "briga ambiental" entre integrantes do governo. "Essa briga não existe. São
diferentes óticas que todo governo tem. Cada um dá a sua
ótica. Agora, tem que haver um
entendimento", disse ela.
Colaborou a Reportagem Local
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