São Paulo, sexta, 5 de junho de 1998

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Há 20 anos, o pepebista venceu disputa com Laudo Natel em SP
Maluf festeja convenção que o indicou governador biônico

PATRÍCIA ANDRADE
da Reportagem Local

No melhor estilo "recordar é viver", Paulo Maluf comemorou, ontem, o aniversário de 20 anos da convenção da Arena que o indicou candidato ao Palácio dos Bandeirantes, abrindo caminho para ele virar governador biônico de São Paulo (eleito indiretamente).
Na festa organizada pelos convencionais de 1978, Maluf, pré-candidato do PPB ao governo de São Paulo, lançou mão de seu velho jeito de fazer política.
Cumprimentou um a um os delegados reunidos no Palácio das Convenções do Anhembi, em São Paulo, lembrou detalhes da vida de alguns, perguntou pela família de outros. Distribuiu sorrisos e beijos.
Maluf venceu a convenção de 1978 por apenas 28 votos de diferença em relação a Laudo Natel, candidato que tinha as bênçãos do então presidente Ernesto Geisel e de seu sucessor, João Batista Figueiredo.
Ontem, 280 delegados saudosistas de 78 fizeram uma homenagem a Maluf para lembrar a tumultuada convenção arenista, que aconteceu na Assembléia Legislativa paulista em clima tenso, com direito a incêndio e briga pela posse das urnas.
Empolgados, os antigos convencionais saudaram Maluf como o "verdadeiro precursor da democracia brasileira".
Logo ao chegar ao Anhembi, Maluf se sentiu em casa. Abraçou o convencional Rajia Sudahia, hoje com 69 anos.
"Aqui está o meu grande amigo Rajia Sudahia, delegado de Dracena. Meu fiel escudeiro há vinte anos", proclamou, arrancando aplausos de seu séquito.
Sudahia ficou emocionado. Contou, cheio de orgulho, que em 1978 conseguiu 17 votos para seu "líder" na região de Dracena, cidade localizada a 645 Km de São Paulo.
Em ritmo de campanha, Maluf aproveitou a reunião para pedir votos. Mirou o fundo do auditório e falou: "Estou vendo ali dona Maria Menghini, que foi minha delegada em 78. Tinha oito filhos naquele tempo. Agora, Maria, com seus netos, a senhora deve ter uns 50 votos para Paulo Maluf."
Em seu discurso, Maluf bateu forte no governo Mário Covas (PSDB) e, de raspão, atingiu a administração do presidente Fernando Henrique Cardoso, com quem esteve reunido anteontem.
"São Paulo e o Brasil estão caminhando com a velocidade de um carro de boi, quando poderiam andar na velocidade de um jato. A economia está estagnada. Só em São Paulo há 1,5 milhão de desempregados", discursou. De quebra, criticou a CPMF, o imposto do cheque. "Quando eu for governador, não vou permitir aumento do imposto do cheque para tapar rombo de banqueiro desonesto, porque a gente sabe que o dinheiro não está indo para a saúde".



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