São Paulo, quarta-feira, 05 de julho de 2000


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ORÇAMENTO
Gastos com propaganda oficial do governo sobem em ano eleitoral
Despesas da União com publicidade crescem 156%

SOLANO NASCIMENTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O volume de recursos gastos com publicidade e propaganda pela União no primeiro semestre deste ano aumentou 156% em relação ao mesmo período de 99. Foram R$ 92,5 milhões contra R$ 36,2 milhões do ano passado.
Foi mantida uma tendência de anos anteriores, com as despesas com publicidade crescendo no semestre que antecede a realização de eleições. Este ano, serão eleitos prefeitos e vereadores.
Em 1998, ano de eleição para presidente, deputados, senadores e governadores, a União gastou no primeiro semestre R$ 80,9 milhões. Os dados foram levantados pelo gabinete de um deputado no Siafi, sistema que permite que parlamentares acompanhem a execução do Orçamento.
Os valores não se referem somente a gastos do governo federal - estão incluídas despesas do Legislativo e Judiciário. A Justiça Eleitoral, por exemplo, que este ano promove uma campanha para orientar eleitores a votar na urna eletrônica, gastou no primeiro semestre R$ 4,7 milhões contra R$ 391 mil do ano passado.
Em valores absolutos, no entanto, foi mesmo o governo federal que mais contribuiu para o aumento no volume de gastos. A Embratur teve as despesas com publicidade e propaganda ampliadas de R$ 2 milhões no primeiro semestre de 99 para R$ 24,4 milhões em igual período deste ano. O aumento foi de 1.103%.
O Ministério da Saúde utilizou, nos primeiros seis meses de 1999, R$ 12,5 milhões para publicidade e propaganda. Neste ano, foram R$ 31,5 milhões, o que equivale a um aumento de 151%.
Juntos, a Embratur e a Saúde gastaram R$ 55,9 milhões com divulgação, mais do que o governo federal utilizou até 22 de junho, segundo o Siafi, para erradicação do trabalho infantil (R$ 51,3 milhões) e quase o mesmo valor gasto com prevenção e controle do câncer (R$ 56,5 milhões).

Outro lado
O secretário de Comunicação da Presidência da República, Andrea Matarazzo, diz não haver relação entre o aumento nos gastos com publicidade e propaganda e as eleições deste ano.
"As campanhas (de publicidade) se repetem ano a ano", diz Matarazzo, citando como exemplo as peças publicitárias usadas para divulgar vacinações e distribuição de merenda escolar.
Matarazzo diz que o governo não chegou a apressar gastos com publicidade e propaganda por conta da possível proibição de divulgação nos meses que antecedem as eleições de outubro.
Até a última sexta-feira, quando mudou de posição, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) afirmava que o governo federal e os governos estaduais seriam proibidos de fazer campanhas de divulgação até as eleições. Agora, a proibição só vale para municípios.
O Ministério da Saúde informou que o aumento nos gastos se deve à realização de campanhas feitas neste ano que não existiram em 99. Entre elas estão as campanhas contra o tabagismo, para divulgar genéricos e de alerta contra a febre amarela. O aumento também está ligado, diz o ministério, a um problema de licitação que dificultou investimentos em divulgação no ano passado.
O Instituto Brasileiro de Turismo, que este ano gastou para divulgar a participação brasileira na Feira de Hannover (Alemanha) e as comemorações dos 500 anos do Descobrimento, não forneceu explicações sobre o aumento das despesas com propaganda.


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