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500 ANOS
Gastos superam orçamento do programa de proteção a testemunhas
Segurança de FHC custou R$ 1,7 mi
ALEXANDRE OLTRAMARI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal gastou R$ 1,7
milhão com as ações da Marinha,
do Exército e da Aeronáutica nas
comemorações dos 500 anos do
Brasil, na Bahia, em abril deste
ano. Parte dos recursos foi usada
para garantir a segurança da comitiva presidencial.
Os gastos do governo com segurança no evento são maiores que
todo o orçamento do Programa
de Assistência a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas (R$ 1,1 milhão), do Ministério da Justiça,
previsto para este ano.
Também equivalem a 77% do
total que o governo pretende gastar com o Programa de Saúde da
Criança e Aleitamento Materno
(R$ 2,2 milhões), do Ministério da
Saúde, até dezembro.
Os dados com os gastos das Forças Armadas nas comemorações
dos 500 anos do Brasil foram entregues pelo Ministério da Defesa
ao deputado federal Marcos Rolim (PT-RS), presidente da Comissão de Direitos Humanos da
Câmara dos Deputados.
Rolim pediu as informações ao
Ministério da Defesa há dois meses. O ofício, com 13 perguntas, foi
respondido pelos três comandantes e repassado ao deputado Marcos Rolim ontem. No questionário, aparecem perguntas como o
nome do comandante geral da
ação e o custo da operação.
Segundo os documentos, a Marinha ficou responsável pelo
apoio e pela inspeção de embarcações que participaram das comemorações. À Aeronáutica coube o controle de tráfego aéreo, a
segurança dos aeroportos e a
guarda das aeronaves militares,
além do transporte da comitiva
presidencial.
O Exército, de acordo com o documento assinado pelo general
Gleuber Vieira, comandou a segurança da comitiva que acompanhava Fernando Henrique Cardoso. Essa tarefa porém também
aparece na lista de atribuições da
Marinha durante o evento.
"O governo conseguiu gastar
com segurança, em apenas quatro
dias, mais do que vai gastar em
vários programas sociais durante
todo o ano. É escandaloso. Isso
sem falar na caravela que nunca
navegou, na feira de Hannover",
afirma o deputado Marcos Rolim.
Ontem, a Folha procurou o ministro da Defesa, Geraldo Quintão, por três vezes. Até a conclusão desta edição, ele não havia
respondido as ligações.
Segundo o relatório enviado à
Comissão de Direitos Humanos
pelas três armas, quem mais gastou com a segurança do evento foi
a Marinha (R$ 934.625,20). Em
segundo lugar, aparece a Aeronáutica (R$ 708.195) e, por último, o Exército (R$ 59. 575).
Sobre o nome do comandante
geral das Forças Armadas durante a operação, o Exército respondeu que "não houve um comando
geral, mas sim uma "coordenação
geral", que coube ao Comandante
da 6ª Região Militar".
A Marinha informou que a operação foi coordenada pelo Comando do Exército, "responsável
pelo estabelecimento das ligações
com o governo da Bahia e demais
órgãos públicos federais". A Aeronáutica afirmou que não houve
coordenação com outros órgãos.
No dia 22 de abril, a Polícia Militar da Bahia impediu, com bombas de efeito moral, que cerca de
3.000 manifestantes protestassem
em Porto Seguro contra o governo. A ação provocou a prisão de
141 pessoas e feriu 15 índios. Inquérito da PF concluiu que não
houve abusos na repressão.
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