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TENSÃO NO CAMPO
Titular da Justiça afirma também que Polícia Federal vai investigar atentado contra sem-terra do Paraná
Ministro critica contratação de "jagunços"
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, afirmou ontem,
sobre o fato de fazendeiros estarem se armando, que há diferenças entre contratar "jagunços" e
contratar empresas regulamentadas para defender a propriedade.
Ele também determinou que a
Polícia Federal abra inquérito para investigar o atentado promovido contra o acampamento de trabalhadores sem-terra na região de
Paranavaí (PR), ocorrido na noite
de anteontem. "Era uma tragédia
que podia ser absolutamente evitada na medida em que a situação
caminhava para uma solução",
afirmou o ministro.
Questionado se fazendeiros poderiam se armar para defender a
propriedade, o ministro disse que
"uma coisa é você contratar uma
empresa de segurança regulamentada, uma empresa de segurança em ordem para proteger
sua propriedade, com as armas
permitidas pela lei, com as determinações e balizas legais. Outra
coisa é contratar jagunços."
O ministro se reuniu no fim da
tarde de ontem com os ministros
Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) e Nilmário Miranda (Secretaria Especial de Direitos Humanos) para discutir a
tentativa de homicídio no Paraná.
Bastos anunciou que os locais de
maior conflito entre fazendeiros e
sem-terra serão mapeados.
Alertas
Segundo o ministro da Justiça, o
governo não poderia ter evitado o
atentado contra os sem-terra,
apesar de, anteontem, ele mesmo
ter dito que a Polícia Federal
acompanhava a situação no campo e que na quarta-feira o presidente da República, Luiz Inácio
Lula da Silva, recebeu alertas sobre a violência no campo durante
a visita do MST.
"Quem poderia ter evitado foi
quem atirou. Porque absolutamente não havia nenhum motivo
para a violência. Nunca há motivo
para a violência."
O ministro voltou a dizer que
todos os crimes no campo serão
apurados e os culpados serão punidos, sejam eles fazendeiros ou
invasores de terra.
"O clima que existe na sociedade brasileira, a crise social, os problemas no campo têm que ser resolvidos, vão ser resolvidos, vão
ser encaminhados. Mas não toleraremos infrações da lei e que
ninguém se considere fora das balizas da legalidade ou acima das
balizas da legalidade."
No manhã de ontem, Bastos divulgou uma nota descartando o
uso, "neste momento", para "coibir abusos ou deflagrar uma operação de desarmamento de fazendeiros e sem-terra".
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