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São Paulo, sábado, 05 de julho de 2003

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TENSÃO NO CAMPO

Titular da Justiça afirma também que Polícia Federal vai investigar atentado contra sem-terra do Paraná

Ministro critica contratação de "jagunços"

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, afirmou ontem, sobre o fato de fazendeiros estarem se armando, que há diferenças entre contratar "jagunços" e contratar empresas regulamentadas para defender a propriedade.
Ele também determinou que a Polícia Federal abra inquérito para investigar o atentado promovido contra o acampamento de trabalhadores sem-terra na região de Paranavaí (PR), ocorrido na noite de anteontem. "Era uma tragédia que podia ser absolutamente evitada na medida em que a situação caminhava para uma solução", afirmou o ministro.
Questionado se fazendeiros poderiam se armar para defender a propriedade, o ministro disse que "uma coisa é você contratar uma empresa de segurança regulamentada, uma empresa de segurança em ordem para proteger sua propriedade, com as armas permitidas pela lei, com as determinações e balizas legais. Outra coisa é contratar jagunços."
O ministro se reuniu no fim da tarde de ontem com os ministros Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) e Nilmário Miranda (Secretaria Especial de Direitos Humanos) para discutir a tentativa de homicídio no Paraná. Bastos anunciou que os locais de maior conflito entre fazendeiros e sem-terra serão mapeados.

Alertas
Segundo o ministro da Justiça, o governo não poderia ter evitado o atentado contra os sem-terra, apesar de, anteontem, ele mesmo ter dito que a Polícia Federal acompanhava a situação no campo e que na quarta-feira o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu alertas sobre a violência no campo durante a visita do MST.
"Quem poderia ter evitado foi quem atirou. Porque absolutamente não havia nenhum motivo para a violência. Nunca há motivo para a violência."
O ministro voltou a dizer que todos os crimes no campo serão apurados e os culpados serão punidos, sejam eles fazendeiros ou invasores de terra.
"O clima que existe na sociedade brasileira, a crise social, os problemas no campo têm que ser resolvidos, vão ser resolvidos, vão ser encaminhados. Mas não toleraremos infrações da lei e que ninguém se considere fora das balizas da legalidade ou acima das balizas da legalidade."
No manhã de ontem, Bastos divulgou uma nota descartando o uso, "neste momento", para "coibir abusos ou deflagrar uma operação de desarmamento de fazendeiros e sem-terra".


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