GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

A Polícia Federal do Rio de Janeiro realizou ontem o mais importante indiciamento feito até agora no inquérito que apura denúncias de irregularidades na participação da Previ (o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil) na privatização do Sistema Telebrás, ocorrida em julho de 1998. Trata-se de João Bosco Madeiro da Costa, que ocupava na época o estratégico cargo de diretor de investimentos da Previ. Procurado pela reportagem da Folha, o ex-diretor do fundo não foi localizado.
Bosco é considerado uma peça chave na atuação da Previ na privatização da Telebrás. Ele era o principal representante na Previ de Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-diretor da área internacional do BB, que teve importante atuação na formação dos consórcios.
Bosco foi indiciado pelo delegado Fábio Scliar, da Delegacia de Crime Organizado e Inquéritos Especiais da Polícia Federal, sob acusação de ter infringido os artigos 4º (gestão fraudulenta) e 16º (atuação indevida do fundo como instituição financeira) da lei 7.492/86 (Lei do Colarinho Branco). O artigo 4ª prevê pena de prisão de 3 a 12 anos, e o 16º, de um a quatro anos.
O ex-diretor de investimentos da Previ foi indiciado logo após ter prestado ontem um depoimento de quase seis horas na sede da PF, no Rio de Janeiro.
Além de Bosco, o delegado Fábio Scliar indiciou, também nesta semana, mais três ex-dirigentes da Previ: os ex-diretores Vítor Paulo Camargo Gonçalves e Arlindo Magno e o ex-gerente da área de mercado de capitais Marco Antônio Horta, que era responsável pelos pareceres de investimentos do fundo de pensão.
Com o indiciamento desses quatro ex-dirigentes da Previ, o delegado Scliar encerra sua primeira fase de trabalho no inquérito. Na próxima terça-feira, ele vai encaminhar pedido à Justiça Federal requerendo mais 90 dias de prazo para a apuração.


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