São Paulo, terça-feira, 05 de julho de 2005

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PERFIL

Ligado a Dirceu, Pereira controlava os cargos

DA REDAÇÃO

O ex-secretário-geral do PT Silvio José Pereira era o homem que controlava os cargos do partido, assim como seu colega Delúbio Soares controlava o cofre. Os dois, Delúbio e Pereira, são ligados ao ex-ministro José Dirceu. Todos integram o Campo Majoritário -o grupo de Lula.
Pereira organizou a posse de Lula em 1º de janeiro de 2003: distribuiu 1 milhão de adesivos, 100 mil bandeiras, 100 mil viseiras, 100 mil ventarolas de papel e 160 mil lenços com a frase: "Eu participei dessa mudança".
Após a posse, Pereira organizou a lista de todos os cargos federais no país e negociou sua distribuição entre petistas e aliados. Embora não tivesse cargo no governo, despachava regularmente no Palácio do Planalto.
Pereira começou a ganhar projeção no partido nas eleições de 2000, quando ocupava o cargo de secretário nacional de Organização. Ele coordenou a comissão que redigiu o novo estatuto do PT, que reduziu o poder das tendências de esquerda e reforçou o domínio do Campo Majoritário: "O partido amadureceu, e a nossa estrutura está caduca. O estatuto representa o PT militante, do começo, não um partido aberto, como é hoje", disse. A principal mudança foi a eleição direta para as direções municipais, estaduais e nacional.
Em 2003, Pereira organizou uma campanha de filiação em massa ao PT, que visava aumentar suas receitas e diminuir o poder das tendências de esquerda e defendeu a troca de Eduardo Suplicy por José Dirceu como candidato ao Senado em 2006.
Nesse mesmo ano, Pereira foi um dos principais defensores da expulsão dos dissidentes petistas: ele foi o autor da representação que deu origem ao processo contra Heloísa Helena (AL), João Fontes (SE), Babá (PA) e Luciana Genro (RS). "O PT não irá tolerar indisciplina nem oposição ao governo Lula. Quem quer ser oposição tem que procurar outro caminho", disse.
A crítica aos grupos de esquerda era acompanhada por sua complacência com os setores de direita. Pereira defendeu a permanência do então governador de Roraima, Flamarion Portela, recém-filiado ao partido, apesar de todas as acusações de desvio de verbas. Em dezembro de 2003, afirmava que não havia nada que desabonasse a conduta de Flamarion -que acabou cassado pelo TSE. Em 2004, foi promovido a secretário-geral do PT.


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