DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Tarso Genro (Educação) disse ontem que a situação atual do PT é "a mais grave" que o partido já enfrentou em seus 25 anos de história. Antes mesmo de saber do afastamento do secretário-geral do PT, Sílvio Pereira, o ministro defendeu que os dirigentes do partido coloquem seus cargos à disposição, mas poupou o presidente José Genoino.
Sílvio Pereira é acusado de intermediar a negociação de cargos no governo para aliados. Pediu afastamento até o fim das apurações da CPI dos Correios.
"A situação é a mais grave que o PT enfrentou em sua história. Não se trata de um fato isolado, mas de um conjunto que, independentemente de as afirmações serem verdadeiras ou não, estão formando um conceito altamente negativo do PT. A visão na base social do PT é a de que o partido está traindo suas origens e sua proposta", afirmou Tarso.
O ministro se referia também à reportagem da última edição da revista "Veja" mostrando que o publicitário mineiro Marcos Valério de Souza, apontado como um dos operadores do suposto esquema de pagamento de propina a parlamentares, negociou e avalizou empréstimo de R$ 2,4 milhões para o PT no banco BMG, em Belo Horizonte.
Segundo documento publicado, assinaram o empréstimo Delúbio Soares, tesoureiro do PT, José Genoino e Marcos Valério.
Para ele, é um "dever" dos dirigentes colocarem seus cargos à disposição do Diretório Nacional, o que não significaria admitir culpa das acusações. Sobre Genoino, Tarso considerou que o presidente do partido deve ter um "tratamento especial". "O Genoino deve avaliar de acordo com a responsabilidade que ele tem perante o partido e a sociedade."
Tarso disse ainda que o partido, para recuperar sua imagem, deveria constituir uma Executiva provisória, suspender o PED (Processo de Eleição Direta), marcado para setembro, e discutir um programa de reforma interna do PT.
"O PT pode superar essa crise. Mas não será nem com panos quentes nem com meias medidas." (LUCIANA CONSTANTINO)


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