São Paulo, terça-feira, 05 de julho de 2005

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Presidente do PT chora ao se defender na TV

DA REDAÇÃO

O presidente do PT, José Genoino, negou ter havido crime sobre o fato de o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza ter sido avalista de empréstimo de R$ 2,4 milhões do banco BMG ao PT. Genoino disse ainda, em entrevista ontem à noite ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, não conhecer o publicitário quando assinou o documento avalizando o empréstimo.
No fim da entrevista, Genoino se emocionou ao ser indagado sobre a tortura que sofreu durante o regime militar. Genoino chorou ao negar as acusações de que teria delatado os seus companheiros na guerrilha do Araguaia. As acusações foram feitas pelo militar da reserva Lício Augusto Ribeiro em sessão solene da Câmara realizada pelo deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) no último dia 24.
O presidente do PT disse que lembrar do que sofreu é um "processo dilacerante" e que até hoje tem pesadelos com a tortura. Ele qualificou de "baixaria anti-humana" (sic) a tentativa de legitimar a prática da tortura.
Ao dizer que "é duro viver" o que ele viveu (sem poder "nem gritar porque seus gritos são abafados pela parede, que é de isopor"), Genoino chorou.
Sobre o empréstimo, afirmou ser co-responsável no episódio, procurando preservar o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, que também assinou o documento de empréstimo. No último domingo, o petista havia responsabilizado apenas o tesoureiro no episódio.
"Quando assinei [o documento de empréstimo] era em confiança ao Delúbio. Estava há dois meses na presidência do partido. E já falei aqui que sou co-responsável".
"Não houve crime, não houve ilegalidade, não houve influência no governo. E ele [Valério] foi avalista porque nossos bens individuais não eram suficientes [para o empréstimo]", explicou.
Apesar disso, ele afirmou que o partido tinha dinheiro suficiente para quitar suas dívidas. "O partido tinha orçamento, tem orçamento, tem condições de pagar essa dívida. Nós pagamos os juros dessa dívida em 2003 e 2004."
O petista disse que esse tipo de procedimento, como ele ter assinado o documento sem ter lido e sem perguntar quem seria Marcos Valério, "é normal no PT".
Sobre a atual crise política, o petista afirmou que o país vive uma "crise política" e acusou o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de "fantasiar" algumas denúncias.
Questionado sobre o fato de a CPI dos Correios ser considerada "chapa branca" por ser controlada por parlamentares da base aliada, elogiou a condução do PT e negou manipulação dos aliados contra as investigações.
Apesar de dizer que a oposição está cumprindo o papel dela na CPI dos Correios, Genoino lembrou que o PT, quando era oposição ao governo, "não fez oposição radical, raivosa e extremada".


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