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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/NOVAS LIGAÇÕES
Em conversas com Renan e Suassuna, José Borba disse que se encontrou com Valério, mas negou envolvimento do partido com a suposta mesada
Líder do PMDB recua e diz conhecer Valério
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O líder do PMDB na Câmara,
José Borba (PR), reconheceu ontem em reunião com aliados que
conhece e se encontrou com o publicitário mineiro Marcos Valério
Fernandes de Souza, acusado por
Roberto Jefferson (PTB-RJ) de ser
o "operador" do "mensalão", o
suposto esquema de suborno de
deputados federais.
Em entrevista ao programa
"Fantástico", da TV Globo, Borba
negara conhecer pessoalmente o
publicitário, o que contradizia a
ex-secretária de Valério Fernanda
Karina Somaggio.
O recuo de Borba ocorreu durante conversa com o presidente
do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), e o líder do PMDB
no Senado, Ney Suassuna (PB),
que cobraram explicações sobre
qual seria o envolvimento do partido com o suposto esquema.
"O Borba nos disse que ele não
era líder da bancada na época que
ele aparece nos registros da portaria. Ele disse para não nos preocuparmos, que não tem nenhum envolvimento do PMDB", afirmou
Suassuna.
Os registros de entrada do
Shopping Brasília apontam que,
no dia 3 de dezembro de 2003, o
deputado José Borba esteve na
agência do Banco Rural no edifício. Segundo Jefferson, essa agência faria pagamentos de "mensalão" a deputados. Nessa data, realmente Borba não era o líder do
PMDB, função na época ocupada
pelo hoje ministro das Comunicações, Eunício Oliveira (CE).
Ainda de acordo com Suassuna,
Borba "repensou" a declaração de
que não conhecia Valério, mas
negou ter envolvimento com pagamentos de mesada. "Ele disse
ter ido ao prédio [onde fica o escritório] várias vezes, em um laboratório, e que quando foi ao escritório acompanhava uma pessoa." Suassuna disse que nem ele
nem Renan perguntaram quem
era essa pessoa.
Borba não apareceu na Câmara
até as 18h de ontem e não atendeu
aos telefonemas. No final da tarde, ele deveria se encontrar com o
presidente da legenda, deputado
Michel Temer (SP).
Havia forte pressão para que
Borba se afastasse da liderança do
partido. O grupo liderado por Temer sempre se opôs a ele e, em
conversas informais ontem, avaliava que sua permanência no
posto era insustentável.
"É a primeira vez que eu ouço
essa história no partido. Defendo
que ele se afaste da liderança",
disse o deputado Paulo Lima (SP).
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