São Paulo, terça-feira, 05 de julho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/NOVAS LIGAÇÕES

Em conversas com Renan e Suassuna, José Borba disse que se encontrou com Valério, mas negou envolvimento do partido com a suposta mesada

Líder do PMDB recua e diz conhecer Valério

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder do PMDB na Câmara, José Borba (PR), reconheceu ontem em reunião com aliados que conhece e se encontrou com o publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado por Roberto Jefferson (PTB-RJ) de ser o "operador" do "mensalão", o suposto esquema de suborno de deputados federais.
Em entrevista ao programa "Fantástico", da TV Globo, Borba negara conhecer pessoalmente o publicitário, o que contradizia a ex-secretária de Valério Fernanda Karina Somaggio.
O recuo de Borba ocorreu durante conversa com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB), que cobraram explicações sobre qual seria o envolvimento do partido com o suposto esquema.
"O Borba nos disse que ele não era líder da bancada na época que ele aparece nos registros da portaria. Ele disse para não nos preocuparmos, que não tem nenhum envolvimento do PMDB", afirmou Suassuna.
Os registros de entrada do Shopping Brasília apontam que, no dia 3 de dezembro de 2003, o deputado José Borba esteve na agência do Banco Rural no edifício. Segundo Jefferson, essa agência faria pagamentos de "mensalão" a deputados. Nessa data, realmente Borba não era o líder do PMDB, função na época ocupada pelo hoje ministro das Comunicações, Eunício Oliveira (CE).
Ainda de acordo com Suassuna, Borba "repensou" a declaração de que não conhecia Valério, mas negou ter envolvimento com pagamentos de mesada. "Ele disse ter ido ao prédio [onde fica o escritório] várias vezes, em um laboratório, e que quando foi ao escritório acompanhava uma pessoa." Suassuna disse que nem ele nem Renan perguntaram quem era essa pessoa.
Borba não apareceu na Câmara até as 18h de ontem e não atendeu aos telefonemas. No final da tarde, ele deveria se encontrar com o presidente da legenda, deputado Michel Temer (SP).
Havia forte pressão para que Borba se afastasse da liderança do partido. O grupo liderado por Temer sempre se opôs a ele e, em conversas informais ontem, avaliava que sua permanência no posto era insustentável.
"É a primeira vez que eu ouço essa história no partido. Defendo que ele se afaste da liderança", disse o deputado Paulo Lima (SP).


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