São Paulo, quarta-feira, 05 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sanguessugas são 57, afirma procurador

Ministério Público pede abertura de inquérito contra mais 42 parlamentares; 15 estão sob investigação

ADRIANO CEOLIN
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O procurador da República no Mato Grosso Mário Lúcio Avelar afirmou ontem, em reunião reservada da CPI dos Sanguessugas, que as investigações sobre a máfia das ambulâncias são suficientes para denunciar à Justiça cerca de 60 congressistas. "Os dados apresentados revelam indícios do envolvimento de aproximadamente 57 parlamentares", disse o presidente da CPI, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ).
Além de Avelar, a CPI ouviu o delegado da Polícia Federal Tardelli Boaventura, que comandou o inquérito revelador do esquema de compras de ambulâncias superfaturadas por prefeituras com recursos de emendas de parlamentares no Orçamento. A investigação se deu a partir de denúncia apresentada pelo procurador.
Na sessão, a CPI aprovou requerimento pedindo ao presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), afastamento dos deputados João Caldas (PL-AL) e Nilton Capixaba (PTB-RO) de seus cargos na Mesa Diretora, como antecipou a Folha. Os dois são os primeiros deputados que a CPI confirma estarem sob investigação. O Supremo Tribunal Federal autorizou abertura de inquérito contra 15 parlamentares, mas determinou sigilo sobre as investigações, inclusive a CPI.
O Ministério Público Federal solicitou abertura de mais 42 inquéritos, que devem ser autorizados pelo STF, somando 57 congressistas. "O sigilo ainda está preservado, mas surgiram indícios contundentes da participação deles [Capixaba e João Caldas ]", disse Biscaia.
Respectivamente segundo e quarto-secretário da Mesa Diretora, Capixaba e Caldas constam do livro-caixa da Planam. Segundo a planilha de pagamentos, os dois teriam recebido dinheiro da empresa.
Comandada pela família Trevisan-Vedoin, a Planam vencia maior parte das licitações para a venda de ambulâncias. A empresa é especializada em equipar unidades móveis de saúde.
A compra dos veículos era feita por verba de convênios entre as prefeituras e o Ministério da Saúde. A família Trevisan-Vedoin mantinha no gabinete do ministro da Saúde a funcionária Maria da Penha Lino, que acelerava aprovação dos convênios e garantia liberação de recursos.
Ontem, Boaventura e Avelar confirmaram que o esquema chegou a ser operado no Ministério de Ciência e Tecnologia (em unidades móveis para inclusão digital) e que houve tentativa de burlar licitações relacionadas ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (vinculado ao Ministério da Educação).


Texto Anterior: Mais sanguessugas serão acusados, diz procurador
Próximo Texto: Caso Dorothy: Acusado de matar freira terá novo julgamento em agosto
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.