São Paulo, sexta-feira, 05 de agosto de 2005

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Irritado, petebista ataca Suplicy e rasga reportagem

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No momento em que demonstrou maior irritação em seu quarto depoimento no Congresso sobre o escândalo do "mensalão", o deputado Roberto Jefferson discutiu com o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), rasgou uma reportagem entregue à CPI pelo senador e se recusou a responder a outras perguntas do petista.
Houve alvoroço entre os integrantes da comissão, a sessão foi suspensa, e Jefferson acabou sendo advertido pelo vice-presidente da comissão, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), pela atitude.
O embate começou quando Suplicy questionou se Jefferson costumava ir ao pantanal. O petebista respondeu ser um "freqüentador" de Aquidauana (MS) há mais de 20 anos e possuir um "amigo do peito" chamado Totó Queiroz, morador do município. Disse que gostava de pescar e acampar, mas que não visitava a cidade desde setembro de 2001.
Na seqüência, Suplicy disse que encaminharia à mesa a cópia de uma reportagem publicada em um blog na internet que apontava que Jefferson fora visto almoçando com o ex-chefe de departamento dos Correios Mauricio Marinho nos arredores de Aquidauana, no primeiro semestre deste ano. A dona do restaurante seria a fonte da reportagem. Marinho, flagrado recebendo R$ 3.000 de empresários, foi o pivô do escândalo dos Correios.
Ao terminar de ler trechos da reportagem, Suplicy foi interrompido por Jefferson, que disparou: "Vossa Excelência tem sido vítima desses recursos. Mais escandaloso que ocorreu com Vossa Excelência, se eu tivesse praticado, teria sido preso". Jefferson levantou suspeita sobre a atuação do petista no caso da morte de Ana Elisabeth Lofrano, mulher do ex-assessor da comissão de Orçamento José Carlos Alves dos Santos. À época, Suplicy disse que tinha pistas do desaparecimento de Elisabeth e viajou a Nova York, mas o corpo dela foi encontrado no Brasil. "Aquilo, se fosse eu, teria sido preso. Mas como era o senhor, tudo se perdoa", disse Jefferson.
Após dez minutos de pausa, Suplicy voltou a inquirir Jefferson, que voltou à ofensiva: "A marca mais dura que tenho no meu coração, Vossa Excelência fez". Lembrou que o petista o acusou de "corrupto" por defender o governo Collor: "Sempre tive muita desconfiança com aqueles que batem no peito como moralistas. Todo moralista tem alguma coisa para encobrir". Suplicy apenas informou o telefone do jornalista para checagem.


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