São Paulo, sexta-feira, 05 de agosto de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/HORA DAS PROVAS

Comissão só vai investigar investimentos em títulos pós-fixados pelo IPCA e pelo IGP-M; justificativa é evitar instabilidade no mercado

CPI evita quebrar sigilos de fundos de pensão

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

DA FOLHA ONLINE, NO RIO

Um acordo entre governo e oposição amenizou ontem as investigações na CPI dos Correios sobre os fundos de pensão. A intenção é investigar uma das possíveis origens do dinheiro que abastecia o caixa dois do PT.
A proposta inicial do PFL era quebrar o sigilo bancário dos dez maiores fundos de pensão do país, mas, em café da manhã ontem com o presidente da CPI, Delcídio Amaral (PT-MS), a medida foi reduzida a um pedido de informações ao ministro Antonio Palocci (Fazenda), à Secretaria de Previdência Complementar e aos presidentes dos fundos.
O requerimento aprovado ontem se resume aos investimentos dos fundos de pensão em títulos pós-fixados pelo IPCA e pelo IGP-M. Os parlamentares querem saber as datas de emissão, de compra e de vencimento desses papéis, além da taxa de juros e o preço de compra. Não foram pedidas informações sobre as aplicações no Banco Rural e no BMG, consideradas atípicas pela oposição.
Os pefelistas negam que houve recuo. "Queremos ver se esses títulos foram comprados com valores acima do mercado e também rastrear esse dinheiro. O pedido de informação é suficiente", disse o líder do PFL, deputado Rodrigo Maia (RJ). Há suspeita de desvio de recursos através do pagamento de comissão a corretoras. "Vamos começar por aí, não podemos abrir a porteira de uma vez", disse Onyx Lorenzoni (PFL-RS).
A resistência dos petistas se deveria, segundo os próprios, ao temor de que a quebra de sigilo bancário gerasse instabilidade no mercado financeiro. "Os investimentos dos fundos são ativos da escala de bilhões. Temos que ter responsabilidade com a economia do país", disse o deputado Maurício Rands (PT-PE).
O foco da CPI são 11 fundos: Previ, Sistel, Funcef, Petros, Centrus, Real Grandeza, Eletros, Serpros, Postalis, Portus e Geap.
O presidente da Previ, Sérgio Rosa, afirmou ontem que os fundos de pensão estão dispostos a prestar qualquer esclarecimento solicitado pela CPI, mas afirmou ser contrário a uma "devassa generalizada" nas suas operações.
Rosa negou que os fundos de pensão tenham negociado com o presidente da Portugal Telecom a venda da Telemig durante sua visita ao Brasil. O conselho de administração da Previ mostrou-se favorável à venda da Telemig três dias após o encontro do presidente da empresa com Lula em Brasília. " (FERNANDA KRAKOVICS, CHICO DE GOIS, LEILA SUWWAN E JANAINA LAGE)

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