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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/A HORA DAS PROVAS
À CPI, David Rodrigues Alves refuta versão de que ele sacava recursos para Zilmar Silveira
Policial nega ter entregue dinheiro para sócia de Duda
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Segundo maior sacador das
contas da SMPB no Banco Rural
(R$ 4,9 milhões), o policial civil
David Rodrigues Alves afirmou
ontem na CPI dos Correios que só
atuou como transportador de valores para Cristiano Paz (sócio),
Simone Vasconcelos (diretora financeira) e Geiza Dias (gerente financeira). Contradisse, assim, a
versão de que sacava o dinheiro a
pedido de Marcos Valério de Souza para a sócia de Duda Mendonça, a publicitária Zilmar Silveira.
Simone Vasconcelos havia dito
anteontem na CPI que nunca teve
contato com David, que teria sacado com cheques parte dos R$
15,5 milhões supostamente destinados a Zilmar. Como ambos, Simone e David, depuseram sob juramento, o relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) pediu
ao Ministério Público a apuração
do crime de falso testemunho.
Ontem, Cristiano Paz, sócio de
Valério, e Geiza Dias Santos, gerente financeira da SMPB, disseram à Polícia Civil de Minas que
não conhecem David Alves.
Para Serraglio, David disse a
verdade. Outros parlamentares
foram mais contundentes, chamando Simone de "mentirosa".
David se classificou de "peixe pequeno" e trouxe documentação
bancária para demonstrar dificuldades financeiras e explicar que
precisou fazer bicos em suas folgas na Polícia Civil em 2003.
Mas suas ligações levantaram
dúvidas. Ele disse ter sido apresentado a Cristiano Paz por Haroldo Bicalho e que não sabia que
este era um doleiro preso pela Polícia Federal. Também disse ter
feito serviços diversos para a Solida Factoring em Belo Horizonte.
"O sr. diz a verdade, mas não é
inocente. O sr. é policial e sabe
que foi usado de mula", disse o
deputado Alberto Fraga (PFL-DF). Em sua defesa, Davi disse ter
sido ingênuo à época. "Na minha
ignorância, jamais poderia ter
imaginado que era um sacador.
Eu era um transportador", disse.
Ele detalhou que ia, armado, à
tesouraria de uma das três agências do Rural em BH, onde os maços lacrados já estavam preparados. Apresentava sua identidade e
levava, até três vezes no mesmo
dia, quantias de R$ 50 mil a R$ 150
mil dentro de caixa de celular ou
sapato. Levava o dinheiro para
Cristiano, Simone ou Geiza. Por
serviço, recebia entre R$ 50 e
R$ 100, incluindo o táxi: "Isso tudo foi em 2003. De lá pra cá nunca
mais botei no meu bolso uma nota de R$ 100 que fosse minha".
O depoimento reforçou a importância das convocações de Zilmar e Cristiano. Causou estranheza uma afirmação de David
muito semelhante à da mulher de
Marcos Valério: "Todo mundo só
fala de Marcos Valério. Até parece
que o Cristiano não é dono da
SMPB".
(LEILA SUWWAN, FERNANDA KRAKOVICS E CHICO DE GOIS)
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