São Paulo, sexta-feira, 05 de agosto de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/A HORA DAS PROVAS

À CPI, David Rodrigues Alves refuta versão de que ele sacava recursos para Zilmar Silveira

Policial nega ter entregue dinheiro para sócia de Duda

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Segundo maior sacador das contas da SMPB no Banco Rural (R$ 4,9 milhões), o policial civil David Rodrigues Alves afirmou ontem na CPI dos Correios que só atuou como transportador de valores para Cristiano Paz (sócio), Simone Vasconcelos (diretora financeira) e Geiza Dias (gerente financeira). Contradisse, assim, a versão de que sacava o dinheiro a pedido de Marcos Valério de Souza para a sócia de Duda Mendonça, a publicitária Zilmar Silveira.
Simone Vasconcelos havia dito anteontem na CPI que nunca teve contato com David, que teria sacado com cheques parte dos R$ 15,5 milhões supostamente destinados a Zilmar. Como ambos, Simone e David, depuseram sob juramento, o relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) pediu ao Ministério Público a apuração do crime de falso testemunho.
Ontem, Cristiano Paz, sócio de Valério, e Geiza Dias Santos, gerente financeira da SMPB, disseram à Polícia Civil de Minas que não conhecem David Alves.
Para Serraglio, David disse a verdade. Outros parlamentares foram mais contundentes, chamando Simone de "mentirosa". David se classificou de "peixe pequeno" e trouxe documentação bancária para demonstrar dificuldades financeiras e explicar que precisou fazer bicos em suas folgas na Polícia Civil em 2003.
Mas suas ligações levantaram dúvidas. Ele disse ter sido apresentado a Cristiano Paz por Haroldo Bicalho e que não sabia que este era um doleiro preso pela Polícia Federal. Também disse ter feito serviços diversos para a Solida Factoring em Belo Horizonte. "O sr. diz a verdade, mas não é inocente. O sr. é policial e sabe que foi usado de mula", disse o deputado Alberto Fraga (PFL-DF). Em sua defesa, Davi disse ter sido ingênuo à época. "Na minha ignorância, jamais poderia ter imaginado que era um sacador. Eu era um transportador", disse.
Ele detalhou que ia, armado, à tesouraria de uma das três agências do Rural em BH, onde os maços lacrados já estavam preparados. Apresentava sua identidade e levava, até três vezes no mesmo dia, quantias de R$ 50 mil a R$ 150 mil dentro de caixa de celular ou sapato. Levava o dinheiro para Cristiano, Simone ou Geiza. Por serviço, recebia entre R$ 50 e R$ 100, incluindo o táxi: "Isso tudo foi em 2003. De lá pra cá nunca mais botei no meu bolso uma nota de R$ 100 que fosse minha".
O depoimento reforçou a importância das convocações de Zilmar e Cristiano. Causou estranheza uma afirmação de David muito semelhante à da mulher de Marcos Valério: "Todo mundo só fala de Marcos Valério. Até parece que o Cristiano não é dono da SMPB". (LEILA SUWWAN, FERNANDA KRAKOVICS E CHICO DE GOIS)

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