São Paulo, sexta-feira, 05 de agosto de 2005

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CPI pode acabar em "pizza", diz deputada do PPS

DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Tinha tudo para ser uma sessão tranqüila. Na ordem do dia, apenas a votação de requerimentos e, 30 minutos depois, a CPI dos Correios passaria a ouvir o depoimento do policial civil David Rodrigues dos Santos, que sacou mais de R$ 5 milhões da SMPB do publicitário Marcos Valério Fernandes. Mas bastou a deputada Juíza Denise Frossard (PPS-RJ) aludir a um possível acordão que poderia acabar em pizza para que a comissão pegasse fogo.
"Esta CPI está rolando ladeira abaixo", iniciou a deputada. "Vamos ouvir um carregador de malas [Santos], ao invés de ouvir o deputado José Dirceu (PT-SP)", afirmou. Ela disse que a CPI está perdendo o foco e não é função da comissão investigar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como quer a oposição por causa da citação de Roberto Jefferson (PTB-RJ) que envolveu Lula numa suposta transação com a Portugal Telecom.
"O cheiro de pizza está fedendo pela sociedade e o que se fala nas ruas é que há um grande acordo entre o PT, PSDB e PFL."
A frase acendeu a ira dos petistas, tucanos e pefelistas. O primeiro a retrucar foi o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS). "Não há acordo."
Delcídio, que um dia antes de a CPI ser instalada chegou a abdicar da função de presidente, alegando que a CPI seria chapa branca por ter o presidente e o relator da base de apoio ao governo, desdisse a si mesmo.
"Esta CPI não é chapa branca; vamos investigar tudo."
O deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS) pegou carona no mote. "Sou um bom pizzaiolo, mas estou aqui disposto a colocar lenha na fogueira para apurar tudo." Outro pefelista que se insurgiu contra a observação de Denise Frossard foi Antonio Carlos Magalhães Neto (BA). "Um acordão significaria a cassação dos 513 deputados e 81 senadores."
Pelo lado dos tucanos, o deputado Eduardo Paes (RJ) tentou atacar Frossard porque, em seu entendimento, a parlamentar estaria criticando colegas para ganhar pontos com a sociedade. "A senhora também é política porque está aqui há dois mandatos e foi eleita pelo PSDB." No entendimento de Paes, "o povo quer o sangue generalizado de todos nós".
Frossard devolveu a provocação: "E, com minha votação, elegi mais dois do PSDB."
Incomodada, mesmo, ficou a senadora Ideli Salvati (PT-SC), mas não propriamente pelo "cheiro de pizza", ao qual até assentiu. "Acho que o acordão poderia ter acontecido, sim, na semana passada, mas nós do PT o denunciamos", disse. O que irritou a petista foi a atitude de seu colega de Senado, Sérgio Guerra.
O tucano apresentou requerimento para convocar petistas cujos diretórios estaduais apareceram na lista de Marcos Valério como beneficiários de recursos da SMPB. No caso de Santa Catarina, Estado de Ideli, o PT local teria recebido R$ 50 mil. O requerimento de Guerra é específico para chamar Ideli.
(CHICO DE GOIS, FERNANDA KRAKOVICS, LEILA SUWWAN)

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