LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Após diversas negativas do PT gaúcho, o ex-tesoureiro da sigla Marcelino Pies disse ontem que recebeu dois cheques das empresas de Marcos Valério de Souza, no valor de R$ 75 mil cada.
O dinheiro foi usado, segundo ele, para pagar dívidas do diretório nacional petista no Estado com as gráficas Impressul e Comunicação Impressa. Pies disse que não conhece Valério e que recebeu o dinheiro de uma funcionária, que não sabe identificar.
Ele afirmou que foi a Belo Horizonte (MG) receber o dinheiro a pedido do ex-tesoureiro do PT nacional Delúbio Soares. Disse, porém, que não sabia a origem dos valores.
As declarações foram prestadas ao PT-RS e confirmadas para a Folha pelo atual tesoureiro, Cristian Silva. ""Essa situação pegou o Marcelino de surpresa. Ele não sabia de quem vinha. Inteirou-se agora do que ocorreu."
Formado em filosofia e mestre em ciências sociais, Pies, 35, nunca exerceu cargo eletivo. Participa da executiva estadual do PT desde 2000. É o atual secretário estadual de assuntos institucionais. Foi coordenador do programa de governo do hoje presidente nacional do PT, Tarso Genro, na eleição para o governo do Estado, e integrou a coordenação nacional do programa de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com Pies, Paulo Bassotto, que aparece em uma das listas como quem recebeu dinheiro de empresas de Marcos Valério, prestou serviços para a gráfica Comunicação Impressa.
Ao buscar pagamento da SMPB (empresa da qual Valério é sócio), chegou a ser detido com uma mala de dinheiro contendo R$ 150 mil, no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, em 16 de junho de 2003 (quando passava pelo detector de metais).
O advogado Jorge Garcia de Souza (cujo nome também consta na lista de sacadores das contas de empresas de Marcos Valério) foi contratado para soltá-lo. ""Ele foi para a Polícia Federal, prestou depoimento e foi liberado", conta o advogado, que atua na área criminal em Porto Alegre.
Formado em Administração de Empresas, Bassotto foi diretor administrativo da Associação Gaúcha do Trabalho e Assistência Social durante o governo de Olívio Dutra (ex-ministro das Cidades). Trabalhava na administração do PT-RS, e foi demitido em 2003. A reportagem não conseguiu localizá-lo ontem.


Texto Anterior: Escândalo do "mensalão"/A lista de Valério: Dinheiro foi para PT de Osasco, diz João Paulo
Próximo Texto: Mais de 20 deverão ser cassados, diz Severino
Índice