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Aliados definem estratégia para livrar Sarney de punição
Pareceres de consultoria do Conselho de Ética já pedem extinção de 5 das 11 denúncias
Reunião marcada para hoje pode ser adiada; ideia é ganhar tempo para analisar outras 6 acusações; Sarney promete discurso no Senado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dentro da estratégia dos aliados do presidente do Senado,
José Sarney (PMDB-AP), para
livrá-lo da cassação no Conselho de Ética, o presidente do órgão, Paulo Duque (PMDB-RJ),
já tem pareceres para o arquivamento de 5 dos 11 pedidos de
investigação.
Duque estava inclinado a pedir o arquivamento na sessão
do Conselho de Ética de hoje,
mas os governistas o pressionavam para que ele adiasse sua
decisão. O objetivo é ganhar
tempo e tentar acalmar os ânimos. Sarney promete fazer hoje
um discurso em resposta às denúncias que vem sofrendo.
A Folha apurou que Duque
encomendou à consultoria do
Senado os cinco pareceres ainda durante o recesso. Ele pediu
aos consultores sigilo e que todos trouxessem embasamentos técnicos para respaldar o
arquivamento das denúncias.
Como presidente do órgão,
Duque tem a prerrogativa de
pedir o arquivamento dos pedidos de investigação se considerar, entre outras coisas, que as
denúncias relacionadas referem-se a período anterior ao
mandato ou se forem manifestamente improcedentes. São
esses os argumentos que os
consultores apontaram para
atender ao pedido de Duque.
Nessa primeira etapa, a ideia
é arquivar três denúncias apresentadas pelo líder do PSDB,
senador Arthur Virgílio (AM), e
duas representações do PSOL,
que pedem a cassação do mandato de Sarney e do líder do
PMDB, Renan Calheiros (AL),
por quebra de decoro por causa
dos atos secretos. A Folha apurou que os pareceres indicam
que faltam provas e documentações e que as denúncias são
baseadas em notícias de jornal.
Cabe recurso à decisão pelo
arquivamento, mas ao próprio
plenário do conselho, que tem
maioria governista. Dos 15
membros, só 5 são da oposição.
O PT tem quatro votos.
Em reunião com partidos da
oposição a portas fechadas, o líder do PT no Senado, Aloizio
Mercadante (SP), disse, segundo relatos, que o seu partido
não tem compromisso com o
arquivamento dos processos.
Mercadante, porém, não controla os votos dos petistas com
assento no conselho, pois todos
são alinhados ao Planalto. A lista inclui o presidente da CPI da
Petrobras, João Pedro (PT-AM), e a líder do governo no
Congresso, Ideli Salvatti (PT-SC), que já defenderam Sarney.
Segundo suplente de senador, Duque disse ontem que
"está preparado para tudo" e
deu pistas da sua decisão ao
afirmar que caberá recurso a
ela. Se optasse pela abertura
das investigações, ele teria que
indicar um relator sem que isso
pudesse ser contestado.
Os senadores também devem eleger Gim Argello (PDT-DF) vice-presidente do órgão.
Ele também é suplente e integra a tropa de choque de Sarney. Assumiu o mandato com a
renúncia de Joaquim Roriz,
acusado de irregularidades.
Sarney responde a 11 denúncias no conselho. É acusado,
entre outras denúncias, de usar
atos secretos para contratar e
exonerar parentes, de receber
auxílio-moradia irregularmente e pelo fato de o neto ter tido
empresa que operava créditos
consignados no Senado. Sarney
nega as acusações.
(ANDREZA MATAIS, ADRIANO CEOLIN E VALDO CRUZ)
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