São Paulo, quarta-feira, 05 de agosto de 2009

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Senador acompanha ataques contra ele na tribuna

Antonio Cruz/ABr
Pedro Simon (PMDB) eMercadante (PT) na reunião de líderes

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois do clima de guerra da véspera, o Senado teve ontem um dia menos beligerante, mas ainda marcado por discursos duros da oposição pedindo a renúncia de José Sarney (PMDB-AP). Presidindo a sessão, ele prometeu responder hoje a todas as acusações.
O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), foi o mais incisivo nas cobranças. A pedido de colegas de bancada, porém, moderou no tom de espetáculo de seus últimos discursos.
Mesmo assim, chegou a fazer insinuações sobre o patrimônio de Sarney. "Vossa Excelência é um homem de posses, ao contrário do meu pai, que morreu pobre. Vossa Excelência é um homem de posses e chegou com meu pai junto à Câmara dos Deputados", afirmou Virgílio, dirigindo-se a Sarney.
Virgílio terminou sua fala pedindo que Sarney renuncie ao cargo de presidente. "Senador José Sarney, case-se com a sua biografia. Este mandato de presidente da Casa representa nada para Vossa Excelência."
Anteontem, na volta do recesso, os ânimos estavam mais acirrados por conta de mais um discurso inflamado de Pedro Simon (PMDB-RS), que defendia o afastamento de Sarney da presidência. Ele foi atacado pelo líder da própria bancada, Renan Calheiros (AL), e pelo senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL).
Ontem, Sarney acompanhou todos os discursos contra ele presidindo a sessão. Em seguida, ele circulou pelo plenário da Casa, e conversou com os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e José Agripino Maia (DEM-RN), que havia discursado pedindo a sua renúncia.
A Agripino Sarney pediu para agir com o coração. Ao receber uma resposta negativa, sob a alegação de que ele personifica a crise da Casa, disse: "Não serei desmoralizado". "Eu não matei, não furtei, não cometi nenhum ilícito", completou.
O senador havia programado fazer seu discurso ontem. Adiou para que sua fala coincida com a reunião do Conselho de Ética, que irá analisar as representações contra ele.
O clima de ontem pode não se repetir nos próximos dias, caso se confirme a promessa do presidente do conselho, Paulo Duque (PMDB-RJ), de arquivar as denúncias antes mesmo que seja aberto o processo.
Pela manhã, representantes dos cinco partidos que pedem a saída de Sarney da Presidência do Senado -PSDB, DEM, PT, PDT e PSB- chegaram a cogitar divulgar uma nota conjunta. No entanto, a ideia foi abandonada ao longo do dia, principalmente em razão da discordância do PT. (FABIO ZANINI, ANDREZA MATAIS e VALDO CRUZ)


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