|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ORÇAMENTO
Recurso de R$ 1,08 bilhão só será liberado após aprovação do Congresso
Projeto dá verba a 83 obras
suspeitas de irregularidade
OTÁVIO CABRAL
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
O projeto de Orçamento da
União para 2003 inclui 83 obras
com indícios de irregularidades
graves -como, por exemplo, superfaturamento de preços e falhas
na licitação. A verba prevista para
esses projetos é de R$ 1,08 bilhão,
mas o dinheiro só será liberado se
as irregularidades forem sanadas.
Entre as obras suspeitas estão a
construção do Rodoanel de São
Paulo, a duplicação da rodovia
Regis Bittencourt (São Paulo-Curitiba), a recuperação do Porto de
Santos e a construção da usina
nuclear de Angra 3, em Angra dos
Reis (RJ).
A lista de projetos com problemas foi incluída como um anexo
da proposta orçamentária, enviada na semana passada pelo Ministério do Planejamento ao Congresso Nacional. A relação é baseada em vistoria feita pelo TCU
(Tribunal de Contas da União)
em 320 obras em execução que
contam com recursos do governo
federal.
De acordo com o Planejamento,
os recursos são alocados em uma
reserva específica e só podem ser
liberados após a aprovação de decreto legislativo específico para
cada obra pela Comissão de Orçamento e, em seguida, pelo plenário do Congresso.
A princípio, essa liberação só
pode ocorrer se o TCU considerar
que as suspeitas de ilegalidades
foram resolvidas. Mas, como o
tribunal é um órgão auxiliar do
Legislativo, o Congresso pode
aprovar um decreto e liberar os
recursos mesmo sem o aval do
TCU.
Isso ocorreu no ano passado,
quando o Congresso aprovou a liberação de verbas para a ampliação do Aeroporto Luís Eduardo
Magalhães, em Salvador (BA),
mesmo com o TCU afirmando
que as irregularidades na obra
persistiam.
Nova lista de obras será enviada
pelo tribunal de contas ao Legislativo até 30 de setembro. O Congresso tem até o último dia do ano
para aprovar o Orçamento incluindo as obras cujos problemas
tiverem sido resolvidos. Os projetos que, até lá, continuarem sob
suspeita, permanecerão embargados.
O número de obras irregulares é
menor no Orçamento de 2003 em
relação a este ano, quando havia
121 projetos na lista.
Mas o valor total apresentado
para as obras é semelhante -neste ano somavam R$ 1,3 bilhão em
comparação ao R$ 1,08 bilhão na
proposta orçamentária de 2003.
O órgão com mais obras suspeitas é o DNIT (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de
Transportes), sucessor do DNER
(Departamento Nacional de Estradas de Rodagem). O departamento tem 31 obras na lista, com
valores que totalizam R$ 287 milhões, o equivalente a 26,5% do
total embargado.
Entre esses casos está o Rodoanel, principal obra do governo
Geraldo Alckmin (PSDB-SP),
candidato à reeleição. Com isso,
os R$ 33 milhões que o governo
federal reservou para a obra ficarão contingenciados.
Órgãos responsáveis por obras
de combate à seca -como Ministério da Integração, o Departamento Nacional de Obras contra
a Seca e a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco- também apresentam um
grande volume de suspeitas de irregularidades (veja quadro).
Individualmente, a obra mais
cara que ficou embargada é a modernização da refinaria da Petrobras Presidente Vargas, localizada
no Paraná, orçada em R$ 175,1
milhões. Em seguida, aparece a
usina de Angra 3 (R$ 123,1 milhões) e a construção de linhas de
transmissão de energia na região
Sul do país (R$ 118,3 mi).
A construção de penitenciárias
nos Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Santa
Catarina, orçada em R$ 11,5 milhões, também foi embargada.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Forças Armadas: Governo tenta desfazer mal-estar Índice
|