São Paulo, quinta-feira, 05 de setembro de 2002

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FORÇAS ARMADAS

Descontentes com cortes, militares serão prestigiados em evento

Governo tenta desfazer mal-estar

SANDRO LIMA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso fará um afago aos militares durante a festa de 7 de setembro, que comemora a independência do Brasil. Um coquetel, organizado e pago pela Presidência, será oferecido aos oficiais das Forças Armadas.
FHC aproveitará o coquetel, que ocorrerá no QG do Exército em Brasília, para prestigiar os militares e tentar desfazer o mal-estar causado pelo corte no Orçamento das Forças Armadas, que caiu de R$ 5,224 bilhões para R$ 2,175 bilhões neste ano (veja no quadro ao lado).
As reclamações com os cortes vêm se intensificando entre os oficiais, e há duas semanas, durante as comemorações do Dia do Soldado, o comandante do Exército, general Gleuber Vieira, disse que as limitações financeiras estão obrigando o Exército a reformular seus planejamentos com muito sacrifício e que isso expressa uma visão pequena do governo sobre a questão.
A cerimônia se tornou um desagravo aos cortes orçamentários. Para evitar que situação semelhante ocorra no próximo dia 7 de setembro, a Presidência decidiu organizar um coquetel para os oficiais logo após o desfile. Os convites estão sendo enviados pela Presidência diretamente para os oficiais e também para ministros e outras autoridades.

Cortes
Sem dinheiro para despesas básicas, como a manutenção de equipamentos e alimentação dos recrutas, os tradicionais coquetéis dos oficiais foram cortados das cerimônias militares, como ocorreu no Dia do Soldado. Um oficial disse à Folha que, se dependesse somente da verba das Forças Armadas, no coquetel do 7 de setembro seriam servidos apenas água e cafezinho.
Os cortes no Orçamento já levaram os militares a reduzir o horário de expediente, suspender a manutenção de equipamentos, cortar benefícios e atrasar investimentos considerados estratégicos, como o programa nuclear e o de construção de corvetas (navios de combate).
O desfile deste ano será enxuto e não terá a presença dos caças Mirage da FAB (Força Aérea Brasileira). O efetivo previsto para o evento é de 4.750 militares e de 240 veículos -entre carros e motos. O desfile também terá a presença de 50 pracinhas.
O efetivo é menor do que os anos anteriores. Tropas e equipamentos de outros Estados não serão levados para Brasília. Alguns veículos bélicos que já foram deslocados para a região próxima a Brasília para realizar exercícios militares serão utilizados.
Em 2000, o efetivo que participou do desfile foi de 6.800 militares. Também foram utilizados 300 veículos e 33 aeronaves.
No ano passado, foram cerca de 5.300 militares, 250 veículos e 20 aeronaves.
Assim como em Brasília, os desfiles nas outras capitais também serão enxutos. Somente os comandos militares enviarão recrutas e equipamentos, e os quartéis do interior foram dispensados de contribuir para os desfiles.


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