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FORÇAS ARMADAS
Descontentes com cortes, militares serão prestigiados em evento
Governo tenta desfazer mal-estar
SANDRO LIMA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso fará um afago aos
militares durante a festa de 7 de
setembro, que comemora a independência do Brasil. Um coquetel, organizado e pago pela Presidência, será oferecido aos oficiais
das Forças Armadas.
FHC aproveitará o coquetel,
que ocorrerá no QG do Exército
em Brasília, para prestigiar os militares e tentar desfazer o mal-estar causado pelo corte no Orçamento das Forças Armadas, que
caiu de R$ 5,224 bilhões para R$
2,175 bilhões neste ano (veja no
quadro ao lado).
As reclamações com os cortes
vêm se intensificando entre os oficiais, e há duas semanas, durante
as comemorações do Dia do Soldado, o comandante do Exército,
general Gleuber Vieira, disse que
as limitações financeiras estão
obrigando o Exército a reformular seus planejamentos com muito sacrifício e que isso expressa
uma visão pequena do governo
sobre a questão.
A cerimônia se tornou um desagravo aos cortes orçamentários.
Para evitar que situação semelhante ocorra no próximo dia 7 de
setembro, a Presidência decidiu
organizar um coquetel para os
oficiais logo após o desfile. Os
convites estão sendo enviados pela Presidência diretamente para
os oficiais e também para ministros e outras autoridades.
Cortes
Sem dinheiro para despesas básicas, como a manutenção de
equipamentos e alimentação dos
recrutas, os tradicionais coquetéis
dos oficiais foram cortados das
cerimônias militares, como ocorreu no Dia do Soldado. Um oficial
disse à Folha que, se dependesse
somente da verba das Forças Armadas, no coquetel do 7 de setembro seriam servidos apenas
água e cafezinho.
Os cortes no Orçamento já levaram os militares a reduzir o horário de expediente, suspender a
manutenção de equipamentos,
cortar benefícios e atrasar investimentos considerados estratégicos, como o programa nuclear e o
de construção de corvetas (navios
de combate).
O desfile deste ano será enxuto e
não terá a presença dos caças Mirage da FAB (Força Aérea Brasileira). O efetivo previsto para o
evento é de 4.750 militares e de
240 veículos -entre carros e motos. O desfile também terá a presença de 50 pracinhas.
O efetivo é menor do que os
anos anteriores. Tropas e equipamentos de outros Estados não serão levados para Brasília. Alguns
veículos bélicos que já foram deslocados para a região próxima a
Brasília para realizar exercícios
militares serão utilizados.
Em 2000, o efetivo que participou do desfile foi de 6.800 militares. Também foram utilizados 300
veículos e 33 aeronaves.
No ano passado, foram cerca de
5.300 militares, 250 veículos e 20
aeronaves.
Assim como em Brasília, os desfiles nas outras capitais também
serão enxutos. Somente os comandos militares enviarão recrutas e equipamentos, e os quartéis
do interior foram dispensados de
contribuir para os desfiles.
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