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JANIO DE FREITAS
Casos de guerra
Conforme-se, caso esteja
entre os que deploram os
pontapés verbais como método de
disputar a Presidência da República.
A grande imprensa dos Estados
Unidos caiu com as torres de Nova York e ainda não se levantou,
sendo improvável até que se erga
antes que novas torres o façam.
Por isso tanto é falado e escrito sobre a guerra pretendida pelo presidente Bush contra o Iraque sem,
no entanto, questionamentos sérios aos motivos alegados para o
ataque. Nem ousam, com exceções raríssimas, mencionar o motivo reconhecível para tanta ansiedade por novas ações bélicas.
Três milhares de americanos
morreram nas torres, mas Bush
salvou-se ali. Seu duvidoso prestígio ruía no Congresso, na mídia e
na opinião pública, quando o 11
de setembro levou-o ao êxtase
propagandístico do estado de
guerra e da caça ao inimigo pelo
mundo afora. Mas não houve vitória na caçada, e hoje uma forte
corrente militar já propõe parar
de vez com isso.
A opinião pública passou a dar
sinais crescentes de cansaço com o
clima de exaltação mantido por
Bush e seus secretários, valendo-se de sucessivas hipóteses de novos ataques terroristas. Os discursos não produzem sons, as conclamações não animam, aquele presidente com forçado andar de faroeste e batendo continência para
soldado raso vira motivo de riso.
Bush voltou a ser a vítima predileta dos principais programas de
humor ridicularizante.
Uma guerra. Novo êxtase propagandístico, expectativas emocionantes de lutas no deserto e
tensões patrióticas ante novos riscos de terrorismo vingativo. A recuperação do prestígio justifica,
inclusive porque republicanos e
democratas já começam as considerações preliminares para as futuras eleições.
Conformemo-nos, que por aqui
a luta pelo poder não é mais dignificante, mas é inofensiva.
Insignificado
Diretora-executiva do Ibope,
Marcia Cavallari Nunes reclama
da observação, aqui feita, de que
o Datafolha daria o voto de minerva entre as pesquisas do Ibope
e Vox Populi, na semana passada. Escreveu para lembrar que, de
certa vez, o Ibope já foi o voto de
minerva e confirmou o Datafolha, como este agora o confirmou.
Nunca imaginei que a expressão voto de minerva pudesse, um
dia, ser lida como maldosa, ofensa, ou qualquer coisa além ou
aquém do que significa há séculos. Com tanta pesquisa, o voto
subiu à cabeça do pessoal do Ibope. Calma, não foi o de minerva.
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