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PT SOB SUSPEITA
Comissão de Santo André pode ter mais 90 dias; decisões do STF contestam tese de que regimento impede extensão
Vereadores pedem a prorrogação de CPI
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
Baseados em decisões anteriores do STF (Supremo Tribunal
Federal), os vereadores da CPI de
Santo André -criada para apurar suposto esquema de extorsão
para financiar campanhas do
PT- decidiram propor na semana que vem ao plenário da Câmara a extensão dos trabalhos da comissão por mais 90 dias.
Até o início da semana, o posicionamento do presidente da CPI,
Antonio Leite (PT), era de que
não havia "escolha" e o prolongamento era "impossível".
"Está prorrogado [o prazo da
CPI]. Desde a semana passada eu
venho passando a minha preocupação aos demais membros da
comissão", afirmou o relator Donizeti Pereira (PV).
Reportagem de ontem da Folha, ao mostrar casos de prolongamentos de CPIs, contestou,
com bases em decisões anteriores
do STF, a tese dos parlamentares
de que não havia "base jurídica"
para prorrogar o prazo da comissão além dos 90 dias definidos pelo regimento interno da Casa.
O término da CPI está marcado
para o próximo dia 18 de setembro. Na prática, as diligências devem ser interrompidas amanhã a
fim de sobrar tempo para a elaboração do relatório final.
O pedido dos parlamentares de
prorrogação da CPI será votado
terça ou quinta-feira, quando
ocorrem sessões na Câmara. Com
um eventual prolongamento, a
CPI terá até meados de dezembro
para entregar o relatório final.
"[O pedido de prorrogação da
CPI] não é somente pela questão
do tempo para eu escrever o relatório, mas também porque há
muita coisa que nós podemos fazer", disse o relator.
Nesta segunda-feira, os membros da comissão, todos da base
de sustentação do prefeito João
Avamileno (PT), vão se reunir para definir pontos estratégicos, como a possibilidade de convocar a
empresária Rosangela Gabrilli
-testemunha de acusação do
Ministério Público- para um
novo depoimento.
O vereador Klinger Luiz de Oliveira Souza (PT), secretário afastado de Serviços Municipais de
Santo André, e os empresários
Ronan Maria Pinto e Sérgio Gomes da Silva são acusados pela
Promotoria, ao lado de outras três
pessoas, de chefiar uma suposta
máfia da propina na cidade. A
Justiça já acolheu a denúncia.
Com o prolongamento do prazo da comissão, os vereadores vão
insistir em um depoimento do
empresário Luiz Alberto Gabrilli
Filho, que se recupera de um
transplante de rim e não foi liberado pelos seus médicos.
De acordo com os promotores,
a empresa de Gabrilli -a Expresso Guarará- pagou cerca de R$ 2
milhões de propina a pessoas ligadas à prefeitura da cidade.
Ontem, a CPI encaminhou um
ofício à Justiça para que obrigue a
família Gabrilli a entregar os balanços da Guarará.
Além disso, segundo os vereadores, haverá mais tempo para
analisar documentos e até pensar
na possibilidade de promover outras acareações. O único confronto cara a cara proposto pela CPI
foi entre os empresários Ronan
Maria Pinto e Rosangela Gabrilli.
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