São Paulo, quinta-feira, 05 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CAMPANHA

Vice na chapa de Ciro, que abriu o seu sigilo bancário, chamou a chefa da controladoria de "ministra da corrupção"

"Serra tenta me destruir", afirma Paulinho

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Investigado por supostas irregularidades durante sua gestão na Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, acusou ontem o presidenciável José Serra (PSDB) de promover "armações políticas" para tentar "destruir" a candidatura de Ciro Gomes (PPS), de quem é vice na disputa.
Paulinho criticou duramente os responsáveis pelas investigações -uma movida pelo Ministério Público Federal e outra pela Controladoria Geral da União. Disse que Anadyr de Mendonça Rodrigues, ministra-chefe da controladoria, é a "ministra da corrupção" e que o procurador Célio Vieira da Silva atua a "mando de alguma candidatura".
"O candidato do governo quer ganhar de qualquer jeito. Já destruiu outras pessoas e agora quer me destruir", disse o sindicalista, após entregar à Procuradoria da República, por iniciativa própria, cópia de seu Imposto de Renda de 2001 e declaração autorizando a quebra de seu sigilo bancário.
Segundo ele, as acusações são "mentirosas". "Para atender à candidatura oficial, querem transformar Ciro num monstro e a mim num corrupto."

Ataques
Anadyr reprovou anteontem a prestação de contas da Força, no período em que foi presidida por Paulinho, por má aplicação dos R$ 38 milhões que recebeu da União para treinar trabalhadores.
"Isso não existe", desqualificou Paulinho. "Dona Anadyr foi indicada para ser ministra da corrupção. Ela só serviu para empurrar para debaixo do tapete a corrupção do governo Fernando Henrique. Instrumento para intimidar e para criar problemas para outras candidaturas, ela está a serviço do candidato oficial."
Em uma carta à imprensa, a Frente Trabalhista (PPS-PTB-PDT) acusou Anadyr de, "de forma irresponsável e leviana, soltar ao vento "suspeitas" vagas".
Na esfera da Procuradoria, há quase um ano a Força é investigada por suposta compra superfaturada de fazenda em Piraju (interior de São Paulo). Segundo o Ministério Público, seis meses antes de vender a área por R$ 2,3 milhões, o antigo proprietário pagou R$ 173 mil por 187 alqueires.
"A Força nunca comprou fazendas", disse Paulinho, intimado a comparecer amanhã à Procuradoria para depor. A Polícia Federal foi acionada para acompanhá-lo ao órgão, caso falte.

Outro lado
O procurador Vieira da Silva não comentou as insinuações. "Só comento temas jurídicos. De política não entendo nada. Investigo a compra da fazenda há cerca de um ano e quero ouvir Paulinho." A Associação Nacional dos Procuradores da República divulgou nota repudiando as acusações.
Anadyr também as negou, em Curitiba. "Nenhuma dessas acusações têm procedência. A controladoria não tem atuação política, é um órgão técnico." Sobre a possibilidade de vir a ser questionada pela Força na Justiça, disse que "o acesso ao Judiciário é livre". Segundo ela, a fiscalização sobre as verbas destinadas a São Paulo foi planejada no início do ano, "época em que não havia qualquer indicação sobre candidaturas".


Colaborou a Agência Folha, em Curitiba



Texto Anterior: Grafite
Próximo Texto: Ciro recebe passagens e adesivos em jantar
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.