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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Ex-governador de Goiás muda versão sobre relato de mensalão a presidente
Segundo Marconi Perillo, alertado sobre esquema, Lula teria dito: "Cuida dos seus deputados, que eu cuido dos meus'
Tucano, candidato ao Senado, não responde por que não deu detalhes da conversa em 2005, quando revelou ter avisado petista
SILVIO NAVARRO
ENVIADO ESPECIAL A JATAÍ (GO)
Mais de um ano depois de dizer que havia alertado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
sobre a existência do esquema
do mensalão, o ex-governador
de Goiás Marconi Perillo
(PSDB) decidiu ontem dar mais
detalhes da conversa, incluindo
uma suposta resposta do presidente dada na ocasião.
O diálogo ao qual Perillo se
refere veio à tona em junho do
ano passado, logo após o ex-deputado Roberto Jefferson
(PTB-RJ) denunciar o mensalão. À época, ainda governador
de Goiás, Perillo disse ter avisado o presidente que ouvira rumores do caso, ao recebê-lo em
solenidade em Rio Verde (GO),
em 5 de maio de 2004.
Ontem, a menos de um mês
da eleição, Perillo decidiu retomar o assunto. "Não adianta ele
[Lula] falar que não sabia do
mensalão. Eu o avisei em Rio
Verde", disse. "E ele me falou:
"Marconi, cuida dos seus deputados, que eu cuido dos meus'".
Perillo é candidato a uma vaga
ao Senado. Segundo pesquisa
Ibope divulgada na semana
passada, ele lidera com 66%.
Essa suposta resposta dada
pelo presidente não havia sido
revelada até então. Em 26 de
julho do ano passado, no auge
da crise do mensalão, Perillo
enviou uma carta ao Conselho
de Ética da Câmara na qual dizia que Lula teria dito "não ter
conhecimento do assunto".
Na carta, Perillo dizia: "Relatei ao senhor presidente da República que ouvira rumores sobre a existência de mesada a
parlamentares [...] Ele disse
que não tinha conhecimento e
que ia tomar as providências
que o assunto requeria".
A carta foi ignorada na denúncia da Procuradoria Geral
da República e não consta do
relatório da CPI dos Correios,
que apurou o caso. Perillo não
respondeu por que só citou a
conversa em detalhe agora. A
declaração foi dada enquanto
aguardava Geraldo Alckmin
(PSDB) em Jataí (GO).
Mais tarde, Alckmin comentou a fala de Perillo: "Essa história de que não sabia
de nada,
é evidente que ninguém acredita nisso. Não há compromisso
com a verdade. Veja a questão
do [Paulo] Okamotto, fala uma
coisa e depois fala outra, os ministros que saíram, grandes
amigos e depois diz que os demitiu", disse citando o conflito
de versões dadas para explicar
o pagamento de uma dívida de
Lula com o PT, paga por Okamotto, amigo do presidente.
Há dois meses, já licenciado
do cargo para concorrer ao Senado, Perillo disse à Polícia Federal que soube do caso por
meio da deputada Raquel Teixeira (PSDB-GO), que teria recebido do deputado Sandro
Mabel (PL-GO) proposta de R$
1 milhão para mudar de partido. Mabel foi absolvido pela Câmara, e Raquel Teixeira foi advertida.
O escândalo do mensalão foi
investigado por duas CPIs. No
total, 19 deputados foram acusados pela CPI, mas quatro renunciaram antes da abertura
dos processos. Outros 15 enfrentaram processos, mas apenas três tiveram mandatos cassados: José Dirceu (PT-SP), Pedro Corrêa (PE) e Roberto Jefferson. O processo de José Janene (PP-PR), licenciado, segue pendente até hoje.
Por falta de opções de vôos em rotas comerciais,
o repórter Silvio Navarro fez o trajeto de Goiânia a Jataí em avião locado pelo PSDB
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