São Paulo, quarta-feira, 05 de setembro de 2007

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JANIO DE FREITAS

Renan & cia.

A revoltada opinião sobre Renan Calheiros recai agora também, e talvez até mais forte, sobre os senadores

A TAL RESPOSTA de aconselhamento que o ministro Nelson Jobim não deu, segundo o relato de sua visita de solidariedade à casa do senador Renan Calheiros, foi dada, sim. Duvidoso é que possa mais beneficiar do que prejudicar esse senador hoje dependente, para manter-se, da falta de escrúpulos que o governo e o PT adotaram nas questões éticas, com os aliados bem retribuídos, desde o seu papel na CPI do mensalão.
Calheiros quis examinar com Jobim a tática que se traçara. Sustentada a resistência no Conselho de Ética, logo mais, tentaria derrubar no Supremo Tribunal Federal a votação em aberto, já aprovada, dos relatórios sobre sua falta de decoro ou não. Isto é, sobre a primeira das quatro acusações de falta de decoro que já coleciona. A resposta que "não houve" de Jobim baseou-se no que seria uma atual empolgação cívica do Supremo, com o aplauso geral às decisões no caso mensalão, para deduzir que o recurso não teria chance alguma no confronto entre Renan e a indignação pública.
Se o recurso não é saída, a resistência no conselho também já demonstrou que não é. Mas não há sinal de que isso ainda tenha algum significado. A revoltada opinião sobre Renan Calheiros recai agora também, e talvez até mais forte, sobre os senadores -com as exceções mínimas. Entre as evidenciações de acomodamento comprometido e de bate-bocas amolecados, o alvo maior da repulsa tornou-se o Senado, nisso estando a única realização a marcar o exercício da sua presidência pelo tão apoiado, no governo mas também em parte da oposição, Renan Calheiros.

Circenses
Lula está cada vez mais engraçado. Fez ontem, em Pernambuco, um discurso furioso contra os presidentes anteriores que "ficavam olhando o desenvolvimento dos Estados Unidos" e "não preparavam o desenvolvimento brasileiro".
Nos seus quatro anos de governo, Lula situou o Brasil acima apenas do Haiti e, de quebra, como o caso de crescimento mais indecentemente baixo da América do Sul. Abaixo, também, da média mundial, que é posta em mergulho forçado pela África pobre.
Os 5% de crescimento tão alardeados para este ano não passam, nem eles, de mais um fracasso, em relação ao crescimento dos países do nível do Brasil.
Foi boa idéia do PT, levar para a animação do seu congresso, no final de semana passado, sujeitos com indumentárias de palhaços.

A dívida
O ministro Tarso Genro e o novo diretor da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, não têm perdido oportunidade de dar estocadas no agora ex-diretor Paulo Lacerda. Não lhes faltou nem a incivilidade de fazê-lo até nos discursos da solenidade de substituição.
Os ataques são injustos e fora de hora, porque ambos deveriam fazer suas críticas quando ocorriam as operações que hoje criticam. Além disso, os lamentáveis excessos de exposição das operações, com algemas desnecessárias e outras arbitrariedades, ainda assim tiveram um efeito positivo: pela primeira vez deram idéia (ainda a ser confirmada) de que no Brasil há Polícia Federal -motivo que faz com que Tarso Genro e o novo diretor da PF se mostrem tão felizes em seus postos. Eles também devem, conosco, agradecimentos a Paulo Lacerda e a quem proporcionou a inovação, Márcio Thomaz Bastos.


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