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JANIO DE FREITAS
Renan & cia.
A revoltada opinião sobre Renan Calheiros recai agora também, e talvez até mais forte, sobre os senadores
A TAL RESPOSTA de aconselhamento que o ministro Nelson
Jobim não deu, segundo o relato de sua visita de solidariedade à
casa do senador Renan Calheiros,
foi dada, sim. Duvidoso é que possa
mais beneficiar do que prejudicar
esse senador hoje dependente, para
manter-se, da falta de escrúpulos
que o governo e o PT adotaram nas
questões éticas, com os aliados bem
retribuídos, desde o seu papel na
CPI do mensalão.
Calheiros quis examinar com Jobim a tática que se traçara. Sustentada a resistência no Conselho de Ética, logo mais, tentaria derrubar no
Supremo Tribunal Federal a votação em aberto, já aprovada, dos relatórios sobre sua falta de decoro ou
não. Isto é, sobre a primeira das quatro acusações de falta de decoro que
já coleciona. A resposta que "não
houve" de Jobim baseou-se no que
seria uma atual empolgação cívica
do Supremo, com o aplauso geral às
decisões no caso mensalão, para deduzir que o recurso não teria chance
alguma no confronto entre Renan e
a indignação pública.
Se o recurso não é saída, a resistência no conselho também já demonstrou que não é. Mas não há sinal de que isso ainda tenha algum
significado. A revoltada opinião sobre Renan Calheiros recai agora
também, e talvez até mais forte, sobre os senadores -com as exceções
mínimas. Entre as evidenciações de
acomodamento comprometido e de
bate-bocas amolecados, o alvo
maior da repulsa tornou-se o Senado, nisso estando a única realização
a marcar o exercício da sua presidência pelo tão apoiado, no governo
mas também em parte da oposição,
Renan Calheiros.
Circenses
Lula está cada vez mais engraçado. Fez ontem, em Pernambuco,
um discurso furioso contra os presidentes anteriores que "ficavam
olhando o desenvolvimento dos
Estados Unidos" e "não preparavam o desenvolvimento brasileiro".
Nos seus quatro anos de governo, Lula situou o Brasil acima apenas do Haiti e, de quebra, como o
caso de crescimento mais indecentemente baixo da América do
Sul. Abaixo, também, da média
mundial, que é posta em mergulho
forçado pela África pobre.
Os 5% de crescimento tão alardeados para este ano não passam,
nem eles, de mais um fracasso, em
relação ao crescimento dos países
do nível do Brasil.
Foi boa idéia do PT, levar para a
animação do seu congresso, no final de semana passado, sujeitos
com indumentárias de palhaços.
A dívida
O ministro Tarso Genro e o novo
diretor da Polícia Federal, Luiz
Fernando Corrêa, não têm perdido
oportunidade de dar estocadas no
agora ex-diretor Paulo Lacerda.
Não lhes faltou nem a incivilidade
de fazê-lo até nos discursos da solenidade de substituição.
Os ataques são injustos e fora de
hora, porque ambos deveriam fazer
suas críticas quando ocorriam as
operações que hoje criticam. Além
disso, os lamentáveis excessos de
exposição das operações, com algemas desnecessárias e outras arbitrariedades, ainda assim tiveram
um efeito positivo: pela primeira
vez deram idéia (ainda a ser confirmada) de que no Brasil há Polícia
Federal -motivo que faz com que
Tarso Genro e o novo diretor da PF
se mostrem tão felizes em seus postos. Eles também devem, conosco,
agradecimentos a Paulo Lacerda e
a quem proporcionou a inovação,
Márcio Thomaz Bastos.
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