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Correios escolhem agência que trabalhou para ministro
Empresa ocupava o 6º lugar no ranking de notas e acabou em 1º após revisão
Assessoria de Hélio Costa diz que outra empresa do
mesmo publicitário fez sua campanha em 2002, mas
não existe registro no TSE
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A agência de publicidade Casablanca, que venceu a disputa
técnica para a propaganda institucional dos Correios, trabalhou na campanha ao Senado,
em 2002, do atual ministro das
Comunicações, Hélio Costa
(PMDB-MG). Os Correios são
estatal vinculada à pasta de
Costa, que a controla e acompanha seu desempenho.
A assessoria do ministro informou, no início da noite de
ontem, que a agência que trabalhou para a campanha eleitoral
foi a Setembro Propaganda,
pertencente ao presidente da
Casablanca, Almir Sales. Informada de que há duas notas fiscais em nome da Casablanca na
prestação de contas entregue à
Justiça Eleitoral e nenhuma da
Setembro, o ministério ficou de
explicar a contradição -o que
não havia acontecido até as
19h30 de ontem.
A Casablanca, de Belo Horizonte (MG), ficou em primeiro
lugar na disputa pelo lote três
da licitação dos Correios, avaliado em R$ 23 milhões, depois
que a comissão de licitação revisou o primeiro resultado e
desclassificou concorrentes.
A agência ficara em sexto lugar no ranking das melhores
notas técnicas divulgado no início de julho -a empresa diz que
ocupara o terceiro lugar. Com
as alterações, concluídas no dia
31 e reveladas ontem pelo "Painel", a Casablanca passou ao
primeiro lugar.
Os Correios informaram ontem, em nota, que "eventuais
equívocos de interpretação" no
primeiro processo de avaliação
foram "muito bem explorados"
pelas agências que recorreram
do primeiro resultado (leia texto acima).
A revisão também alterou o
resultado dos outros dois lotes,
destinados às propagandas
com Sedex e telegramas, avaliados em R$ 45 milhões e R$ 22
milhões anuais. Foram excluídas a agência Nova S/B, de João
Roberto Vieira da Costa, que
chefiou a Secom (Secretaria de
Comunicação da Presidência
da República) em 2002, sob
gestão do PSDB, e a agência
MPM, do publicitário Nizan
Guanaes, marqueteiro do ex-candidato à Presidência José
Serra (PSDB) em 2002.
A Setembro, do presidente da
Casablanca, Almir Sales, trabalhou também na campanha vitoriosa de Fernando Collor à
Presidência, em 89.
O diretor administrativo da
Casablanca, Juliano Sales, filho
de Almir, disse que seu pai
atuou na campanha de 2002
"possivelmente com planejamento e assessoramento" de
Hélio Costa. "Alguma coisa de
planejamento, assessoria de
comunicação, planejamento de
comunicação", disse Juliano.
Indagado se Almir Sales ou a
agência mantiveram contatos
com Costa depois que ele assumiu o ministério, Juliano respondeu: "Não sei, a empresa
creio que não. Do Almir, não sei
do relacionamento pessoal dele
[com o ministro]".
A princípio, o diretor negou
que a Casablanca tivesse trabalhado na campanha de Costa.
Ao ser informado sobre os gastos registrados no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de R$
2,66 mil com "serviços de propaganda", Juliano reconheceu:
"Desculpe, mas não estou lembrado, se tem nota fiscal, é porque trabalhou".
A fase técnica é a mais importante numa licitação para serviços de publicidade, mas a disputa dos Correios ainda não
acabou. Restam prazos para
novos recursos e o julgamento
do melhor preço (quase sempre
a agência que ganha na técnica
e perde no preço por fim aceita
realizar o mesmo serviço por
um preço inferior).
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