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Congresso quer ouvidoria para fiscalizar Abin
Proposta de Demóstenes Torres (DEM-GO) é criar grupo de técnicos indicados pelos três Poderes que se reporte ao Congresso
Senador, que diz que os presidentes do Supremo, da Câmara e do Senado apóiam o projeto de lei, pretende apresentá-lo em dez dias
ADRIANO CEOLIN
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Congresso pretende alterar a lei que criou a Abin (Agência Brasileira de Inteligência)
para montar uma ouvidoria
com pessoas de fora do órgão.
Em dez dias, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) promete apresentar um projeto de
lei sobre o assunto.
Na próxima semana, o Senado se prepara para votar também uma das três propostas
que tramitam no Congresso
que propõe a criação de novas
regras para interceptações em
telefones, ambientes e em
mensagens eletrônicas.
A idéia surge no momento
em que se investiga o grampo
ilegal que pôs a Abin na lista de
suspeitos. Segundo o senador, a
proposta da ouvidoria tem
apoio do STF e dos presidentes
da Câmara, Arlindo Chinaglia
(PT-SP), e do Senado, Garibaldi
Alves (PMDB-RN). "O ministro
[e presidente do STF] Gilmar
Mendes gostou muito. Já estava pensando em algo parecido."
A necessidade de fiscalizar as
ações da Abin veio a partir da
suspeita de que agentes do órgão estão envolvidos no vazamento do diálogo entre Mendes e Demóstenes.
Há dois órgãos que deveriam
fiscalizar a Abin: a Ciset (Secretaria de Controle Interno da
Casa Civil) e a Comissão Mista
de Controle de Órgãos de Inteligência. A comissão, composta
por deputados e senadores, já
deveria fazer o controle, o que
na prática não ocorre. Sua última reunião foi em 2006, segundo o site do Senado.
No ano passado, a Ciset instaurou procedimento para investigar o uso indevido de uma
BMW X5 pelo assessor especial
Renato Porciúncula, que foi
afastado com três integrantes
da cúpula da Abin na segunda.
Contudo, na opinião de congressistas, é preciso aprimorar
o controle sobre a Abin. A avaliação é a de que o Congresso
não tem atuado de forma efetiva pelo fato de a comissão ser
formada por deputados e senadores que não acompanham o
dia-a-dia da agência.
A proposta de Demóstenes é
criar uma ouvidoria formada
por sete técnicos indicados pelos três Poderes que se reporte
ao Congresso -mais especificamente à comissão. Os integrantes seriam sabatinados pelo Senado e teriam mandato de
até cinco anos. "É o Legislativo
que tem de exercer sua função
fiscalizatória, por isso a idéia é
que a ouvidoria funcione vinculada à comissão", explicou.
A proposta deve ser apresentada após o dia 14, quando ele
volta de viagem oficial à Suíça.
Relatado por Demóstenes e de
autoria de Jarbas Vasconcelos
(PMDB-PE), o projeto de lei sobre novas regras para a quebra
de sigilo telefônico terá de ser
avaliado em segundo turno na
Comissão de Constituição e
Justiça. Na votação, Tasso Jereissati (PSDB-CE) substituirá
Demóstenes como relator.
O projeto conta com o apoio
do Ministério da Justiça.
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