São Paulo, sexta-feira, 05 de setembro de 2008

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Empresa em SP vende por R$ 1.870 programa que protege celular de grampo

DIÓGENES MUNIZ
EDITOR DE INFORMÁTICA DA FOLHA ONLINE

Um software comercial impediria a interceptação da conversa via celular entre o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, e seus interlocutores, desde que eles também estivessem protegidos. É o que afirma Edison dos Santos, diretor da companhia CryptoCell, especializada em sistemas antiescuta.
O chamado "celular antigrampo", que costuma ser vendido em pares, com ou sem aparelho físico, pode ser encontrado em lojas de contra-espionagem de São Paulo e comprado pela internet.
O programa criptografa as ligações em até 2.048 bits -ou seja, ele transforma o som em inúmeras combinações que, embaralhadas, não podem ser traduzidas. Se os usuários que estão dos dois lados da linha empregarem o serviço, nem mesmo a operadora consegue identificar o teor da conversa, segundo Santos. Em um eventual grampo são ouvidos apenas ruídos, explica.
"Essa maleta [suposto aparelho responsável pelo grampo ao presidente do STF] emula uma central telefônica. Ela pega o sinal, mas não consegue entender nada. No caso de 2.048 bits, é uma criptografia monstruosa. O grampo só vai captar chiados", diz.
"Esse material [maleta] não existe no Brasil. Só poderia ser adquirido nos EUA ou em Israel", afirma Marlom Peresa, dono da loja de contra-espionagem Missão Impossível.
A CryptoCell, que oferece o serviço a R$ 1.870 para celulares Nokia, afirma que alavancou suas vendas em 60% nos últimos 12 meses -mas não divulga números.
Segundo Santos, as últimas operações da Polícia Federal, sobretudo a Satiagraha, ajudaram na divulgação do sistema junto a corporações. "O público fica atento a essas tecnologias, principalmente quando se começa falar de espionagem, Daniel Dantas..."
A empresa diz que o governo lidera a procura pelo seu produto, empatado com prestadores de serviço (17% das compras cada um).
A assessoria da Presidência não comentou.


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