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foco
Empresa em SP vende por
R$ 1.870 programa que protege celular de grampo
DIÓGENES MUNIZ
EDITOR DE INFORMÁTICA DA FOLHA ONLINE
Um software comercial impediria a interceptação da
conversa via celular entre o
presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), Gilmar
Mendes, e seus interlocutores, desde que eles também
estivessem protegidos. É o
que afirma Edison dos Santos,
diretor da companhia CryptoCell, especializada em sistemas antiescuta.
O chamado "celular antigrampo", que costuma ser
vendido em pares, com ou
sem aparelho físico, pode ser
encontrado em lojas de contra-espionagem de São Paulo
e comprado pela internet.
O programa criptografa as
ligações em até 2.048 bits -ou
seja, ele transforma o som em
inúmeras combinações que,
embaralhadas, não podem ser
traduzidas. Se os usuários que
estão dos dois lados da linha
empregarem o serviço, nem
mesmo a operadora consegue
identificar o teor da conversa,
segundo Santos. Em um eventual grampo são ouvidos apenas ruídos, explica.
"Essa maleta [suposto aparelho responsável pelo grampo ao presidente do STF]
emula uma central telefônica.
Ela pega o sinal, mas não consegue entender nada. No caso
de 2.048 bits, é uma criptografia monstruosa. O grampo só
vai captar chiados", diz.
"Esse material [maleta] não
existe no Brasil. Só poderia
ser adquirido nos EUA ou em
Israel", afirma Marlom Peresa, dono da loja de contra-espionagem Missão Impossível.
A CryptoCell, que oferece o
serviço a R$ 1.870 para celulares Nokia, afirma que alavancou suas vendas em 60% nos
últimos 12 meses -mas não
divulga números.
Segundo Santos, as últimas
operações da Polícia Federal,
sobretudo a Satiagraha, ajudaram na divulgação do sistema junto a corporações. "O
público fica atento a essas tecnologias, principalmente
quando se começa falar de espionagem, Daniel Dantas..."
A empresa diz que o governo lidera a procura pelo seu
produto, empatado com prestadores de serviço (17% das
compras cada um).
A assessoria da Presidência
não comentou.
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