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TSE revalidará ações contra doadores em SP
Multas são de quase R$ 400 mi; argumento do tribunal para contrariar TRE-SP é que prazo para questionamento não expirou
Principal acusação é a de que financiadores teriam feito doações nas eleições de 2006 acima do limite estabelecido na legislação
FELIPE SELIGMAN
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) já concluiu argumento jurídico que deve ser usado
para derrubar decisão da Justiça Eleitoral paulista contrária
ao seguimento de 2.736 ações
contra empresas e pessoas físicas que teriam feito doações
ilegais nas eleições de 2006.
Totalizando pedidos de multa aos doadores que chegam
quase a R$ 400 milhões, as
ações foram movidas pela Procuradoria Regional Eleitoral de
São Paulo e acusam os financiadores de, principalmente, terem realizado doações acima
dos valores permitidos em lei.
Em agosto, desembargadores do Tribunal Regional Eleitoral decidiram arquivar uma
das ações, entendimento que se
estende às demais, sob o argumento de que já havia expirado
o prazo para questionamento.
A Procuradoria começou nas
últimas semanas a recorrer, ao
TSE, das decisões de arquivamento. A Folha apurou que a
tendência é que o tribunal superior derrube o entendimento
do TRE-SP por dois motivos.
O primeiro é o de que foi o
próprio TSE quem orientou no
início do ano os tribunais regionais eleitorais de todo o país
a investigar cerca de 18 mil
doadores de 2006. Isso se deu
devido a cruzamento do valor
das doações com os dados fiscais dos doadores, trabalho feito pelo TSE em parceria com a
Receita Federal este ano.
Pela lei, pessoas jurídicas só
podem doar até o limite de 2%
do faturamento bruto que tiveram no ano anterior à eleição.
Para pessoas físicas, o limite é
de 10% dos rendimentos.
O segundo motivo é que o
TSE já tem pronto argumento
que coincide com o pensamento da Procuradoria de São Paulo: o de que as ações de cobrança estão dentro do prazo.
Entre os principais alvos das
ações do Ministério Público
Federal está a AIB (Associação
Imobiliária Brasileira), que fez
doações de R$ 2,36 milhões em
2006 e R$ 6,6 milhões nas eleições de 2008, se tornando a segunda maior financiadora individual do país naquele ano.
Em abril, a Folha revelou
que a AIB se declarava sem faturamento e que era usada pelo
setor imobiliário paulista, controlado pelo Secovi-SP, para
driblar a lei eleitoral, que veda
doação por parte de sindicatos.
A associação nega irregularidades. A reportagem ligou ontem no escritório de seu presidente, Sérgio Ferrador, mas
não recebeu resposta até o fechamento desta edição. O Secovi-SP nega usá-la para fins de
financiamento eleitoral.
Após as reportagens, a associação firmou um TAC (Termo
de Ajustamento de Conduta)
com a Promotoria Eleitoral de
São Paulo em que se comprometeu a não fazer mais doações
em troca de não sofrer processo sob a acusação de ocultar
doação do sindicato.
O TAC está sendo questionado pela Procuradoria Regional
Eleitoral. Sua validade será decidida pelo Conselho Superior
do Ministério Público na terça.
Além de responder pela acusação de doação acima do estabelecido em lei, a AIB também
é alvo desde o dia 20 de ação do
Ministério Público de São Paulo relativa às doações de 2008.
A multa, nos dois casos, pode
ultrapassar R$ 80 milhões.
A Folha revelou em julho
que o Banco Mercantil de São
Paulo, incorporado pelo Bradesco em 2006, duas empresas
ligadas ao grupo Safra, a Embraer e a Heber Participações,
controladora do Grupo Bertin,
também estão entre os que
mais excederam o limite de
doações em 2006. Todos negam irregularidades.
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