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JANIO DE FREITAS
Questão de fé
O noticiário em torno da
ação comandada pelos Estados Unidos já está, em quase
tudo o que nele seria importante, reduzido a uma questão de
fé.
Quem sabe do incidente forjado para a invasão nazista da
Áustria, ou do ataque forjado
pelo Pentágono e pela CIA a um
navio americano em águas vietnamitas, quem se lembra de como foram iniciadas tantas ações
bélicas não pode aceitar, a priori, os "elementos convincentes"
citados como justificativa para
a operação militar na Ásia Menor. Tanto mais que o comedimento da França, na admissão
de que os elementos "são convincentes", vêm do único integrante da Otan com política externa bastante independente
dos Estados Unidos.
Nada mais certo do que a obtenção de provas contra os acusados, indivíduo e país, pelo governo americano desde suas primeiras reações verbais ao ataque a Nova York e ao Pentágono. Não as encontrar seria, de
uma parte, desmoralizar o governo e, de outra, fortalecer a
inaceitação internacional à
ação militar de que o governo
americano tanto precisa, para
dar uma satisfação ao seu povo.
A necessidade de ter provas,
boas ou não -e aparentemente
a qualquer custo-, reforça o retraimento muito saudável diante do sigilo de tais provas, para
justificar uma operação de
guerra cujo dispositivo, pela dimensão física e pelos envolvimentos nacionais, está sugerindo alguma coisa imensa como
ação militar.
A mesma reação é provocada
por notícias do tipo "os serviços
de informação do governo tiveram [antes de 11 de setembro"
muitos indícios de que planejavam ataques aos Estados Unidos", embora "não indicações
fiéis do que iria acontecer". Nisso o secretário de Estado Colin
Powell faz o óbvio. É preciso salvar a imagem da CIA, do FBI e
da Agência Nacional de Segurança na opinião dos americanos. E, mais urgente, é preciso
agir para evitar o inquérito que
muitos no Congresso desejam,
para saber por que os US$ 30 a
40 bilhões postos naqueles serviços não deram o mais necessário
dos resultados.
As providências militares e diplomáticas estão sob censura
declarada, aos repórteres não
restando mais do que um hábito
duvidoso, que é o de deduzir
sem muitos motivos para isso, e
o pior dos seus hábitos, que é o
de acionar a imaginação quando os fatos não se oferecem.
Sob controle
Pela teoria de que o importante é estar nas páginas e nas telas,
a confusão que o governador
Itamar Franco armou em torno
de si mesmo, ao longo da hipótese de sua candidatura à Presidência, foi-lhe proveitosa. Mas,
hoje, dia final para mudança de
partido, Itamar Franco está na
mesma situação de quando começou as convoluções.
Ou seja, com a promessa de
que, se desistir de transferir-se
do PMDB, o partido lhe dará todas as condições de disputar a
indicação para se candidatar.
Uma promessa não para ser
cumprida, mas para reter a possível candidatura de Itamar
Franco sob o freio partidário,
como ficou estabelecido entre o
PMDB e Fernando Henrique
Cardoso.
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