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SENADOR SOB PRESSÃO
Comunicação será lida hoje pela Mesa Diretora da Casa, tornando oficial a saída do paraense
Jader entrega carta de renúncia a Tebet
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Jader Barbalho (PMDB-PA),
56, enviou ontem à noite ao presidente do Senado, Ramez Tebet
(PMDB-MS), carta renunciando
ao mandato de senador, pondo
fim a um suspense que durou
uma semana.
A carta foi entregue a Tebet por
volta das 19h50, em sua casa, por
uma assessora de Jader, após o Senado passar o dia em ritmo de espera. Jader não apareceu ontem
na Casa. A comunicação será lida
pela Mesa Diretora na sessão de
hoje, tornando oficial a renúncia.
Tebet não revelou o conteúdo
da carta porque quer que os senadores sejam os primeiros a tomar
conhecimento.
Com a renúncia, a abertura de
processo por quebra de decoro
parlamentar contra Jader que estava sendo analisada pela Mesa
Diretora será arquivada.
Além disso, o senador, que em
setembro renunciou à presidência do Senado, perde a imunidade
parlamentar, mas mantém seus
direitos políticos, podendo se
candidatar nas eleições de 2002.
A vaga de Jader deve ser ocupada por seu segundo suplente e
amigo, Fernando Ribeiro.
Ribeiro também é citado nas investigações de desvio de recursos
do Banpará (Banco do Estado do
Pará), uma das acusações que pesam contra Jader.
O primeiro suplente de Jader é
seu pai, Laércio Barbalho, que já
disse que não vai assumir.
Suspense
Até a entrega da carta, o Senado
viveu ontem novo dia de suspense. Pela manhã, o líder do PMDB,
Renan Calheiros (AL), anunciou
que o ""desfecho" ocorreria ainda
ontem. ""Não dá mais para postergar", disse. O dia foi marcado por
rumores sobre a aguardada carta
e sobre o paradeiro de Jader.
A espera chegou a ter um momento inusitado. Durante a sessão do Senado, Renan pediu para
usar a palavra com o objetivo de
fazer um comunicado de interesse partidário. Nesse momento, as
pessoas que estavam no plenário
pararam, achando que ele falaria
sobre a renúncia de Jader.
Mas ele começou a falar sobre a
produção de leite em Alagoas,
provocando risos.
Por volta das 18h, houve um
boato de que um ofício de apenas
duas linhas com a renúncia de Jader teria acabado de chegar à presidência do Senado. Minutos depois, a informação foi negada por
Tebet, que deixou o gabinete demonstrando impaciência.
""Na hora em que [a carta" aparecer, eu aviso vocês. Eu vou guardar uma coisa dessas? Só se eu fosse louco! Essa expectativa é ruim
para todo mundo. Não está beneficiando ninguém. Se vai mandar,
que mande logo", afirmou Tebet.
Espera
A renúncia de Jader era esperada desde quinta-feira da semana
passada, quando o Conselho de
Ética aprovou o relatório de Romeu Tuma (PFL-SP) e Jefferson
Péres (PDT-AM) recomendando
que ele fosse submetido a processo de cassação.
""Para o PMDB, este é um assunto encerrado desde a votação no
Conselho de Ética. Defendíamos
que ele renunciasse naquele dia",
disse o líder do PMDB.
Entre as informações do dia,
uma das mais surpreendentes
partiu do presidente do conselho,
Juvêncio da Fonseca (PMDB-MS). Ele disse ter informações de
que Jader teria decidido enfrentar
o processo. ""Se ele tem tanta certeza de sua inocência, é até bom
que enfrente", afirmou Fonseca.
A Renan, Jader disse que adiaria
a renúncia um pouco mais, principalmente para atuar como senador até o final da semana, atraindo filiações de políticos do Estado
ao PMDB e evitando defecções.
Disse que queria aguardar o resultado da perícia determinada
pela Justiça do Pará nos documentos relativos aos desvios de
recursos do Banpará, dos quais é
acusado de se beneficiar.
ACM
Abrindo mão do mandato, Jader tem o mesmo fim do seu
maior adversário no Senado, o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que renunciou
em 30 de maio deste ano também
para escapar de um processo por
quebra de decoro.
Juntamente com o ex-senador
José Roberto Arruda (PFL-DF), o
primeiro a renunciar, ACM foi
responsável pela violação do painel eletrônico do Senado, que
quebrou o sigilo da sessão que resultou na cassação do ex-senador
Luiz Estevão (PMDB-DF).
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