São Paulo, sábado, 05 de outubro de 2002

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RETA FINAL

José Dirceu, presidente do PT, disse que divulgação dos nomes seria um "caos'; equipe de transição será nomeada primeiro

Caso vença, Lula não anunciará ministério

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente nacional do PT, José Dirceu, declarou ontem que, em caso de vitória do candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva já no primeiro turno, o partido anunciará uma equipe de transição, mas não os nomes dos integrantes de seu ministério.
De acordo com Dirceu, seria inconcebível anunciar na segunda-feira os membros do (eventual) novo governo e "ter dois ministros da Fazenda, dois presidentes do Banco Central coabitando por 90 dias". "Seria o caos", disse o presidente do partido, durante entrevista concedida a correspondentes estrangeiros em São Paulo.
De acordo com Dirceu, também não se deve esperar uma eventual equipe de transição na segunda.
"Se a gente anunciar o ministério na segunda-feira, teríamos um ministro real, que é o do Lula, e outro virtual, o [Pedro] Malan. Só que quem está com a caneta é o Malan", afirmou Dirceu.
A Folha colheu o relato do teor da entrevista de um membro da direção do PT. Estavam presentes na entrevista representantes dos jornais "Clarín", da Argentina, "El País", da Espanha, "La Jornada", do México, e "Wall Street Journal", dos EUA.
O presidente do PT afirmou aos jornalistas estrangeiros que o eventual ministério será anunciado "no momento correto e não por pressão do mercado".
A exemplo do que fizera Lula, descartou a possibilidade de Armínio Fraga, atual presidente do Banco Central, permanecer no cargo em um governo petista.
Quando indagado sobre a formação de uma coalizão para garantir sustentação política a Lula, Dirceu esclareceu que será uma "coalizão de centro-esquerda".
Nesse caso, explicou ele aos jornalistas, as negociações incluiriam os partidos que hoje formam a base dos também candidatos Ciro Gomes (PPS) e Anthony Garotinho (PSB). Referiu-se especificamente a setores do PPS controlados pelo senador Roberto Freire. Uma coalizão de centro-esquerda, como denominam os petistas, incluiria parte do PMDB.
Sobre uma admissão do PSDB, partido do candidato governista José Serra, em uma gestão Lula, o argumento do partido é o seguinte: primeiro é preciso aguardar a divisão das cadeiras na Câmara e no Senado -e quantos congressistas elegerá o PSDB.
Mas Dirceu fez a seguinte ponderação aos correspondentes -e que refletiria uma postura da cúpula do PT: "O Lula é o candidato para mudar a política econômica do Brasil. Quem geriu a economia nos últimos anos? O PSDB".
Segundo o membro do PT ouvido pela Folha, o comentário permitira a seguinte ilação: a prioridade para negociar um eventual coalizão de governo recairia sobre a base de sustentação de Ciro e Garotinho, além de parcela do PMDB, e não sobre o PSDB.
Anteontem, o empresário Horacio Lafer Piva, presidente da Fiesp, declarou ser "inevitável" uma coalizão entre o PT e o PSDB. Acrescentou que, no caso de uma vitória no primeiro turno, Lula deveria conter o "ímpeto" dos chamados radicais do partido para facilitar as negociações dessa eventual coalizão de governo.



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