São Paulo, quinta-feira, 05 de outubro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Redução de danos

O encontro de Geraldo Alckmin com José Serra e Aécio Neves, no final da tarde em SP, ocorreu a pedido do presidenciável tucano, que buscava um elemento gerador de noticiário positivo para se contrapor à repercussão negativa, especialmente entre os aliados no Rio, de sua foto ao lado da família Garotinho, recém-embarcada na candidatura. Ao ligar logo cedo para Serra e Aécio, Alckmin tinha por objetivo empatar o jogo com uma imagem ao lado dos dois vencedores.
Os problemas com aliados, porém, prometem continuar. Em companhia de ACM, derrotado nas urnas, Alckmin se encontra hoje com deputados na Bahia. Assim como no caso do Rio, faltou combinar antes com o PSDB local, arquiinimigo do pefelista.

Clandestino. Para não melindrar novamente Cesar Maia, Alckmin terá encontro "secreto" com o tucano José Camilo Zito, deputado eleito e ex-prefeito de Duque de Caxias, que não reza pela cartilha do pefelista. Será na sala vip do aeroporto do Rio, antes do embarque para Salvador.

Outro lado. Anthony Garotinho afirma que os suspeitos de compra de voto sob investigação no Rio não têm relação com seu grupo político.

Pressão da base. A manifestação do presidente do PT de São Paulo, Paulo Frateschi, em defesa dos "aloprados" e contra a braveza de Lula em relação a "esses meninos" foi interpretada no partido como uma tentativa de acalmar os homens do dossiê, que já dão sinais de instabilidade.

Ouvidos moucos. O vereador Edgar Nóbrega, único do PT em São Caetano e concunhado de Hamilton Lacerda, propôs ao secretário de Organização do PT estadual, Luiz Turco, e ao presidente da sigla nesse município do ABC, Ricardo Rios, o imediato afastamento do ex-coordenador da campanha de Mercadante. Ambos desconversaram.

Virada. Auxiliares estão apavorados com a mudança de José Serra, em janeiro, para o Palácio dos Bandeirantes. Acreditam que o tucano, conhecido por trabalhar de madrugada e obrigá-los a fazer o mesmo, não terá mais limites, já que estará em casa.

Para constar. Lula escalou Marco Aurélio Garcia para tentar convencer Edson Vidigal (PSB) e o PT a não aderir à frente anti-Roseana que se arma no Maranhão. Será de pouca serventia. O ex-presidente do STJ já está com os dois pés na articulação.

Mão dupla. Em reunião com Roberto Requião, Jorge Samek e Gleisi Hoffmann, coordenadores de Lula no Paraná, ofereceram um acordo: ele apoiaria o presidente, e o PT embarcaria em sua reeleição. O problema do governador é que seu eleitor vota majoritariamente em Alckmin.

Olho grande. Lula telefonou para Germano Rigotto e para os governadores eleitos Blairo Maggi e André Pucinelli. O presidente acha que tem chance de ter o apoio deles e já fala em eventual mudança de Maggi do PPS para o PMDB.

Off Broadway. Para fazer frente aos anúncios de apoio formal a Yeda Crusius (PSDB) no Rio Grande do Sul, a coordenação de campanha de Olívio Dutra (PT) prepara ato com prefeitos do PMDB, PP e PDT para a semana que vem.

Registrado. Questionado sobre sua eventual candidatura à presidência da Câmara, Ciro Gomes (PSB-CE) descartou a possibilidade: "Podem apostar com quem quiserem e quanto quiserem".

Em campo. Renan Calheiros abortou, por ora, o movimento para que João Durval se filie ao PMDB. Teme melindrar ACM, com quem sempre procurou se dar bem. Leomar Quintanilha (PC do B-TO) também não se mostrou disposto a embarcar no partido, já que é adversário do governador Marcelo Miranda.

Tiroteio

"A onça virou gatinho. Ficou sem água e agora corre em busca do leite derramado."
Do líder da bancada do PSDB na Câmara, JUTAHY JÚNIOR (BA), sobre o presidente Lula, que às vésperas primeiro turno se comparou a uma onça que iria beber água no dia da eleição.

Contraponto

Força do hábito

No final de 1998, depois de quatro anos de um duro ajuste nas contas do governo de São Paulo, o então secretário da Justiça, Belisário dos Santos Júnior, procurou o governador Mário Covas (1930-2001) para uma conversa particular. Disse ao chefe que acreditava ter cumprido seu papel na administração e que não pretendia permanecer no segundo mandato do tucano.
-Mas logo agora que nós vamos ter dinheiro? -reagiu Covas, lembrando ao auxiliar que a fase mais pesada do ajuste fiscal já havia terminado.
-O problema, governador, é que eu não aprendi a gastar- brincou o secretário, que acabou ficando no cargo.


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