São Paulo, quinta-feira, 05 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Governo libera R$ 1,5 bilhão no início do segundo turno

Parte do dinheiro irá para Estados onde desempenho eleitoral de Lula foi ruim

Ministro do Planejamento nega vinculação dos gastos com eleição e diz que maior parcela da quantia será para cumprir uma decisão do TCU


LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na primeira semana de campanha do segundo turno das eleições na qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é candidato, o governo federal decidiu liberar R$ 1,5 bilhão do Orçamento deste ano. Esse valor é praticamente igual ao bloqueado pelo Ministério do Planejamento há menos de 15 dias.
O maior volume de recursos -R$ 353,4 milhões- foi destinado para o Ministério do Desenvolvimento Social e será usado para pagar dívida com a Caixa Econômica Federal. O Ministério da Fazenda ficou com R$ 300 milhões que serão utilizados na melhoria do sistema de informática que controla arrecadação e a dívida ativa.
O terceiro maior volume de recursos -R$ 231 milhões- foi destinado ao Ministério dos Transportes, que vai usar parte do dinheiro em Estados onde o presidente Lula não teve uma votação tão boa e em regiões onde a candidatura do PT depende de aliados importantes.
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, negou qualquer influência do calendário eleitoral na decisão do governo. Segundo ele, a medida não foi anunciada antes porque os estudos técnicos não estavam prontos. Para o ministro, esses eram investimentos "que não tínhamos como não atender". Ele destacou ainda que a maior parte dos recursos não será usada em obras.
"Não tem esse medo [de que a liberação do dinheiro seja considerada eleitoreira]. As pessoas de boa-fé não farão essa leitura", disse Bernardo.
Entre os Estados que serão beneficiados com os recursos extras está Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país. Lá, Lula ganhou com uma diferença de 10,18 pontos percentuais, vantagem menor do que esperava. O Estado receberá R$ 58 milhões.
Na região Sul, onde Lula perdeu para Geraldo Alckmin, haverá investimentos em portos no valor de R$ 23,456 milhões. Para o Paraná, onde o presidente negocia o apoio do governador Roberto Requião (PMDB), candidato à reeleição que disputa o segundo turno, foram destinados R$ 6,9 milhões para a recuperação de rodovias.
A medida provisória assinada ontem pelo presidente também prevê investimentos de R$ 19,1 milhões na criação de um centro de combate ao crime organizado no município de São Paulo. A baixa votação de Lula no Estado - 36,77% contra 54,20% de Alckmin- foi considerada decisiva para a realização de um segundo turno.
Bernardo insistiu em que a maior parte dos gastos não será destinada a obras em Estados. Segundo ele, os R$ 540 milhões que vão para os ministérios das Cidades, do Trabalho e do Desenvolvimento Social cumprem uma determinação do TCU (Tribunal de Contas da União), que mandou o governo quitar a dívida desses ministérios com a Caixa. O acórdão do TCU, porém, é de maio.


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