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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Governo libera R$ 1,5 bilhão no início do segundo turno
Parte do dinheiro irá para Estados onde desempenho eleitoral de Lula foi ruim
Ministro do Planejamento nega vinculação dos gastos com eleição e diz que maior parcela da quantia será para cumprir uma decisão do TCU
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na primeira semana de campanha do segundo turno das
eleições na qual o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva é candidato, o governo federal decidiu liberar R$ 1,5 bilhão do Orçamento deste ano. Esse valor é
praticamente igual ao bloqueado pelo Ministério do Planejamento há menos de 15 dias.
O maior volume de recursos
-R$ 353,4 milhões- foi destinado para o Ministério do Desenvolvimento Social e será
usado para pagar dívida com a
Caixa Econômica Federal. O
Ministério da Fazenda ficou
com R$ 300 milhões que serão
utilizados na melhoria do sistema de informática que controla
arrecadação e a dívida ativa.
O terceiro maior volume de
recursos -R$ 231 milhões- foi
destinado ao Ministério dos
Transportes, que vai usar parte
do dinheiro em Estados onde o
presidente Lula não teve uma
votação tão boa e em regiões
onde a candidatura do PT depende de aliados importantes.
O ministro do Planejamento,
Paulo Bernardo, negou qualquer influência do calendário
eleitoral na decisão do governo.
Segundo ele, a medida não foi
anunciada antes porque os estudos técnicos não estavam
prontos. Para o ministro, esses
eram investimentos "que não
tínhamos como não atender".
Ele destacou ainda que a maior
parte dos recursos não será
usada em obras.
"Não tem esse medo [de que
a liberação do dinheiro seja
considerada eleitoreira]. As
pessoas de boa-fé não farão essa leitura", disse Bernardo.
Entre os Estados que serão
beneficiados com os recursos
extras está Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral
do país. Lá, Lula ganhou com
uma diferença de 10,18 pontos
percentuais, vantagem menor
do que esperava. O Estado receberá R$ 58 milhões.
Na região Sul, onde Lula perdeu para Geraldo Alckmin, haverá investimentos em portos
no valor de R$ 23,456 milhões.
Para o Paraná, onde o presidente negocia o apoio do governador Roberto Requião (PMDB),
candidato à reeleição que disputa o segundo turno, foram
destinados R$ 6,9 milhões para
a recuperação de rodovias.
A medida provisória assinada
ontem pelo presidente também
prevê investimentos de R$ 19,1
milhões na criação de um centro de combate ao crime organizado no município de São
Paulo. A baixa votação de Lula
no Estado - 36,77% contra
54,20% de Alckmin- foi considerada decisiva para a realização de um segundo turno.
Bernardo insistiu em que a
maior parte dos gastos não será
destinada a obras em Estados.
Segundo ele, os R$ 540 milhões
que vão para os ministérios das
Cidades, do Trabalho e do Desenvolvimento Social cumprem uma determinação do
TCU (Tribunal de Contas da
União), que mandou o governo
quitar a dívida desses ministérios com a Caixa. O acórdão do
TCU, porém, é de maio.
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