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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Presidente do PT paulista diz que petistas do dossiê não são bandidos
Para Frateschi, envolvidos no caso agiram em "autodefesa" porque se sentiram "moralmente massacrados"
"Eu os conheço. Não fizeram por mal. Fizeram porque chegaram num nível de pressão e erraram", afirma ele, que defendeu Berzoini
DA REPORTAGEM LOCAL
Na contramão das cobranças
e críticas internas aos petistas
que se envolveram na compra
do dossiê dos Vedoin contra tucanos, o presidente do diretório
estadual do PT em São Paulo,
Paulo Frateschi, disse ontem
que o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva "tratou de maneira muito pesada" os petistas ao
chamá-los de "bandidos", "aloprados" e culpá-los pelo "tiro
no pé" que impediu sua reeleição no primeiro turno.
"Essa coisa de chamá-los de
bandidos eu não concordo, mas
não concordo mesmo. Não são
bandidos. Eu os conheço, convivi com eles. Não fizeram por
mal. Fizeram porque chegaram
num nível de pressão e erraram", disse Frateschi, que deixou a coordenação da campanha de Lula em São Paulo e cedeu o posto à ex-prefeita de São
Paulo Marta Suplicy.
Para Frateschi, os petistas
que se envolveram na "operação dossiê" o fizeram por "autodefesa", porque se sentiram
"moralmente massacrados"
com as crises pelas quais o PT
passou. Ele se referiu ao mensalão. "Tentaram criminalizar
o PT. A militância não estava
gostando de ter sido tratada assim. Isso causou uma reação.
Acho que foi algo que eles decidiram fazer, não pesaram as
conseqüências. O objetivo era a
autodefesa. E erraram", disse.
Apesar de considerar que os
petistas erraram, Frateschi disse ser injusta a proposta de
afastamento coletivo das direções do PT nacional e de São
Paulo. "Não é justo, e acho que
as pessoas não se expressaram
direito. As pessoas diretamente
envolvidas é deveriam ser afastadas. Foi isso que as pessoas
[do PT] pediram", argumentou.
Ele admitiu, porém, que pelo
momento histórico [a tentativa
de reeleição de Lula] "pode ser
que seja necessário fazer" [o
afastamento de petistas].
Frateschi defendeu o presidente nacional do PT, Ricardo
Berzoini. Disse que o nome dele não foi envolvido no caso do
dossiê. Para ele, "o PT está magoado, Lula também está muito
magoado". Disse ainda que é
preciso tentar entender "todo
comportamento ou fenômeno". "Isso não quer dizer que eu
vou perdoá-los ou condená-los.
Mas entender é obrigação."
Ele alegou que não se sentiu
preterido ao ser afastado da
coordenação por Lula. "Foi
corretíssimo. Eu que sugeri a
Marta [...] A Marta é a Marta.
Uma liderança fantástica, tem
voto, dialoga com o povo de maneira popular, o povo entende.
Muito melhor do que eu. Eu tenho consciência do que eu sou.
Não tenho liderança popular
nenhuma, não tenho mandato", disse Frateschi.
O petista explicou que concorda com a abertura de procedimento investigatório interno. Se comprovadas as responsabilidades de petistas, aí sim
devem ser afastados, disse. "O
partido tem que tomar as providências, tem que explicar. O
Lula está corretíssimo de pedir
publicamente que a Polícia Federal investigue."
(MALU DELGADO)
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