São Paulo, quinta-feira, 05 de outubro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Presidente do PT paulista diz que petistas do dossiê não são bandidos

Para Frateschi, envolvidos no caso agiram em "autodefesa" porque se sentiram "moralmente massacrados"

"Eu os conheço. Não fizeram por mal. Fizeram porque chegaram num nível de pressão e erraram", afirma ele, que defendeu Berzoini


DA REPORTAGEM LOCAL

Na contramão das cobranças e críticas internas aos petistas que se envolveram na compra do dossiê dos Vedoin contra tucanos, o presidente do diretório estadual do PT em São Paulo, Paulo Frateschi, disse ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "tratou de maneira muito pesada" os petistas ao chamá-los de "bandidos", "aloprados" e culpá-los pelo "tiro no pé" que impediu sua reeleição no primeiro turno.
"Essa coisa de chamá-los de bandidos eu não concordo, mas não concordo mesmo. Não são bandidos. Eu os conheço, convivi com eles. Não fizeram por mal. Fizeram porque chegaram num nível de pressão e erraram", disse Frateschi, que deixou a coordenação da campanha de Lula em São Paulo e cedeu o posto à ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy.
Para Frateschi, os petistas que se envolveram na "operação dossiê" o fizeram por "autodefesa", porque se sentiram "moralmente massacrados" com as crises pelas quais o PT passou. Ele se referiu ao mensalão. "Tentaram criminalizar o PT. A militância não estava gostando de ter sido tratada assim. Isso causou uma reação. Acho que foi algo que eles decidiram fazer, não pesaram as conseqüências. O objetivo era a autodefesa. E erraram", disse.
Apesar de considerar que os petistas erraram, Frateschi disse ser injusta a proposta de afastamento coletivo das direções do PT nacional e de São Paulo. "Não é justo, e acho que as pessoas não se expressaram direito. As pessoas diretamente envolvidas é deveriam ser afastadas. Foi isso que as pessoas [do PT] pediram", argumentou. Ele admitiu, porém, que pelo momento histórico [a tentativa de reeleição de Lula] "pode ser que seja necessário fazer" [o afastamento de petistas].
Frateschi defendeu o presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini. Disse que o nome dele não foi envolvido no caso do dossiê. Para ele, "o PT está magoado, Lula também está muito magoado". Disse ainda que é preciso tentar entender "todo comportamento ou fenômeno". "Isso não quer dizer que eu vou perdoá-los ou condená-los. Mas entender é obrigação."
Ele alegou que não se sentiu preterido ao ser afastado da coordenação por Lula. "Foi corretíssimo. Eu que sugeri a Marta [...] A Marta é a Marta. Uma liderança fantástica, tem voto, dialoga com o povo de maneira popular, o povo entende. Muito melhor do que eu. Eu tenho consciência do que eu sou. Não tenho liderança popular nenhuma, não tenho mandato", disse Frateschi.
O petista explicou que concorda com a abertura de procedimento investigatório interno. Se comprovadas as responsabilidades de petistas, aí sim devem ser afastados, disse. "O partido tem que tomar as providências, tem que explicar. O Lula está corretíssimo de pedir publicamente que a Polícia Federal investigue." (MALU DELGADO)


Texto Anterior: Otavio Frias Filho: Yankees e rebeldes
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.