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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Petistas pressionam para que Berzoini deixe o cargo
Grupo foi escalado para convencer presidente da sigla a sair até o fim da semana
Petista disse ontem, em conversas com aliados, que se sente injustiçado e que a pressão para que ele deixe a legenda é "muito violenta"
MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL BRASÍLIA
O desconforto do PT com a
crise do dossiê ficou visível ontem na primeira reunião da nova coordenação da campanha
do presidente Lula em São Paulo. Em quase duas horas de reunião para traçar a estratégia do
segundo turno, deputados eleitos e derrotados defenderam
em coro que os envolvidos no
caso sejam afastados do PT.
Um grupo de parlamentares
foi escalado para conversar
com o presidente do PT, Ricardo Berzoini, e convencê-lo a se
desligar do cargo até o final da
semana. O partido pretende
antecipar o congresso nacional
que estava marcado para o segundo semestre de 2007. A
idéia é renovar a direção do PT.
O PT quer evitar que o afastamento de Berzoini provoque
mais traumas no partido. A
reunião de ontem contou com a
presença de parlamentares envolvidos no escândalo do mensalão e que se elegeram: o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-presidente da Câmara
João Paulo Cunha, e o deputado federal José Mentor.
Em nota, Berzoini convocou,
para amanhã, em São Paulo,
reunião da Executiva Nacional
para avaliar o resultado das
eleições no primeiro turno e
acertar estratégias eleitorais. A
assessoria do petista informou
que a reunião foi convocada para "mostrar que Berzoini permanece no comando do partido
e acabar com as fofocas".
Malas prontas
A Folha apurou que Berzoini
disse ontem a aliados que se
sente injustiçado e que a pressão para que ele deixe a legenda
é "muito violenta". Os petistas
mais próximos a Berzoini disseram a ele que, em momentos
de crise, é melhor se afastar para recomeçar adiante. Segundo
um desses interlocutores, Berzoini deu clara demonstração
de que "está de malas prontas".
Marta Suplicy, que assumiu
ontem a coordenação da campanha de Lula em São Paulo,
afirmou que "o desejo expresso
do presidente é o da apuração o
mais rápido possível". Ela afirmou que, no governo petista,
"não tem coelho embaixo do
tapete, doa a quem doer".
A ex-prefeita também deu
demonstrações de que qualquer processo interno deve ser
conduzido com cautela, para
evitar prejuízos a Lula. "Temos
que pensar com calma como
vamos proceder internamente
no partido. O mais importante
é que a Polícia Federal investigue e dê o rumo das coisas."
A ala do PT aliada de Marta
não apoiou a eleição de Berzoini à presidência do partido. Um
grupo mais radical de petistas
na reunião chegou a insinuar
inclusive que Berzoini deveria
ser expulso do PT, tese que não
é defendida pela maioria.
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