São Paulo, quinta-feira, 05 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Petistas pressionam para que Berzoini deixe o cargo

Grupo foi escalado para convencer presidente da sigla a sair até o fim da semana

Petista disse ontem, em conversas com aliados, que se sente injustiçado e que a pressão para que ele deixe a legenda é "muito violenta"


MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL BRASÍLIA

O desconforto do PT com a crise do dossiê ficou visível ontem na primeira reunião da nova coordenação da campanha do presidente Lula em São Paulo. Em quase duas horas de reunião para traçar a estratégia do segundo turno, deputados eleitos e derrotados defenderam em coro que os envolvidos no caso sejam afastados do PT.
Um grupo de parlamentares foi escalado para conversar com o presidente do PT, Ricardo Berzoini, e convencê-lo a se desligar do cargo até o final da semana. O partido pretende antecipar o congresso nacional que estava marcado para o segundo semestre de 2007. A idéia é renovar a direção do PT.
O PT quer evitar que o afastamento de Berzoini provoque mais traumas no partido. A reunião de ontem contou com a presença de parlamentares envolvidos no escândalo do mensalão e que se elegeram: o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha, e o deputado federal José Mentor.
Em nota, Berzoini convocou, para amanhã, em São Paulo, reunião da Executiva Nacional para avaliar o resultado das eleições no primeiro turno e acertar estratégias eleitorais. A assessoria do petista informou que a reunião foi convocada para "mostrar que Berzoini permanece no comando do partido e acabar com as fofocas".

Malas prontas
A Folha apurou que Berzoini disse ontem a aliados que se sente injustiçado e que a pressão para que ele deixe a legenda é "muito violenta". Os petistas mais próximos a Berzoini disseram a ele que, em momentos de crise, é melhor se afastar para recomeçar adiante. Segundo um desses interlocutores, Berzoini deu clara demonstração de que "está de malas prontas".
Marta Suplicy, que assumiu ontem a coordenação da campanha de Lula em São Paulo, afirmou que "o desejo expresso do presidente é o da apuração o mais rápido possível". Ela afirmou que, no governo petista, "não tem coelho embaixo do tapete, doa a quem doer".
A ex-prefeita também deu demonstrações de que qualquer processo interno deve ser conduzido com cautela, para evitar prejuízos a Lula. "Temos que pensar com calma como vamos proceder internamente no partido. O mais importante é que a Polícia Federal investigue e dê o rumo das coisas."
A ala do PT aliada de Marta não apoiou a eleição de Berzoini à presidência do partido. Um grupo mais radical de petistas na reunião chegou a insinuar inclusive que Berzoini deveria ser expulso do PT, tese que não é defendida pela maioria.


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