São Paulo, quinta-feira, 05 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Frossard rompe com Alckmin após tucano receber Garotinho

O prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia (PFL), também anuncia sua saída da campanha de presidenciável tucano

"Como um homem religioso, de princípios e família se aproxima do que sabe que é o que há de pior na política?", disse prefeito


Gabriel de Paiva/Agência O Globo
A candidata Denise Frossard (PPS), que rompeu com Alckmin


RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

O apoio do casal Anthony e Rosinha Garotinho (PMDB) a Geraldo Alckmin, candidato do PSDB à Presidência, fez o prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), anunciar sua saída da campanha nacional do tucano, e Denise Frossard (PPS), candidata ao governo do Estado, pregar o voto nulo no pleito presidencial.
Frossard usou livro de Mario Covas ("Mario Covas - A Ação Conforme a Pregação") para justificar por que abandonaria a candidatura de Alckmin: "Esta noite li no livro de Mario Covas a parte sobre acordos políticos, em que Covas critica Fernando Henrique Cardoso. Assim como Mario Covas criticou Fernando Henrique por subir no mesmo palanque de Paulo Maluf, agora, com esse apoio, ele deve estar se revirando no túmulo", afirmou a candidata.
A candidata foi enfática ao afirmar a sua intenção de romper com o candidato do PSDB: "Retiro meu apoio a ele, que não está autorizado a usar minha imagem. Vou cuidar de minha vida, minha campanha e do Rio", disse ao partir para campanha na região Serrana.
"Alckmin não gosta do Rio, constatei isso ontem. Não gosta daqui e deve preferir São Paulo, o que é natural, tendo nascido em Pindamonhangaba. Meu voto para presidente é nulo. Vou anular", afirmou ela.
Para Denise Frossard, a divisão entre Anthony Garotinho, que apóia a candidatura de Alckmin, e Sérgio Cabral, unido ao presidente Lula, é "uma fraude". Frossard disputa o segundo turno contra Cabral: "Eles são indissociáveis, então que fiquem juntos. Vou procurar apoio de quem quer fazer uma ruptura". Ela atacou ainda o terceiro colocado no primeiro turno da campanha, senador Marcelo Crivella (PRB), que, segundo Lula, vai apoiar Sérgio Cabral. No primeiro turno, o presidente apoiou Crivella.
"Os cargos públicos são loteados em troca de apoio político. Fiquei sabendo ontem que o senador Marcelo Crivella apoiará Cabral no segundo turno em troca da Secretaria de Educação. Quer dizer, estamos voltando ao que sempre foi feito no nosso Estado", disse.
Isolada, ela tenta o apoio do pedetista Carlos Lupi, que se reuniu ontem também com Cabral. "Todo apoio que queira mudar a forma Garotinho de fazer política será bem-vindo. Assim nós vamos caminhando, fazendo campanha na rua com o apoio do povo e de quem realmente gosta do Rio", afirmou.

Maia
Maia, por sua vez, convocou entrevista pela manhã para atacar Alckmin. "Foi uma decisão precipitada e completamente equivocada, de quem não conhece o Rio e não entendeu a dinâmica do voto. O PFL sai da campanha no Rio." Ele continua a votar em Alckmin, e Rodrigo Maia, filho do prefeito e líder do PFL na Câmara, permanece no conselho político da campanha do tucano. O prefeito, porém, disse que não haverá mais no Estado mobilização e material para o tucano.
Na opinião de Maia, Alckmin foi "ingênuo" e não percebeu que até Sérgio Cabral escondeu Garotinho na campanha devido à sua rejeição: "Não sei se foi decisão do colégio de freiras de Pindamonhangaba", ironizou.
Disse que a união de Garotinho com Alckmin vai criar um "curto-circuito" e tirar votos dele. Afirmou estar "estupefato" e "decepcionado" por não ter sido consultado: "Como um homem religioso, de princípios e família se aproxima do que sabe que é o que há de pior na política? Política não se faz dessa maneira, por um punhado de votos. Cria um curto-circuito, perde votos e se desmoraliza".
Alckmin teve boa votação no interior do Rio, onde Garotinho supostamente ajudaria, e precisa crescer na capital -onde a rejeição a Garotinho é alta. "Não dá para andar na rua com Garotinho. Se tiver tomates, que se use capacete. Não sei de onde saiu essa idéia", disse.
O presidente do PPS, Roberto Freire, irritou-se com a polêmica e disse que as afirmações de Frossard são fruto de um "mal-entendido": "A declaração de Denise foi feita em um rompante". Ele disse Frossard pode recuar de sua decisão.


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